O vírus da obesidade
Genética e alimentação não são os únicos causadores do excesso de peso
Por Pilar Magnavita - 05/09/2006 - (www.bolsademulher.com.br)
Se você sonha com uma vacina simples e rápida para, enfim, secar a silhueta, pode se preparar para acordar. Parece mentira, mas a humanidade está muito próxima de descobrir o antídoto para a obesidade e o sobrepeso. O mérito é do cientista indiano Dr. Nikhil Dhurandhar, que descobriu que alguns adenovírus, uma versão sem-vergonha do vírus, são capazes de fazer o organismo acumular gordura e, com isso, disparar o Índice de Massa Corporal (IMC), fórmula que indica se um adulto está ou não acima do peso ideal.
O cientista conversou exclusivamente com o Bolsa de Mulher e, com a voz tranqüila, revelando um leve sotaque, explicou que teve a idéia de associar a obesidade com infecções virais ao observar uma epidemia aviária no seu país natal, em 1988. "As galinhas estavam sendo contaminadas por um adenovírus fatal chamado de SMAM-1. Mas começou-se a observar que ele estava causando um grande aumento no IMC das aves e de uma forma muito rápida. O curioso é que as galinhas estavam engordando, mas continuavam a apresentar baixíssimas taxas de colesterol e triglicerídeos", explicou.
Dhurandhar decidiu se mudar para os Estados Unidos com sua mulher e o filho de sete anos em 1992, para realizar pesquisas nesse campo: "Só conseguimos encontrar um projeto na Universidade de Dakota do Norte, mas que nem era tão relacionado com minha pesquisa. Eu também não estava perto de achar uma solução para a relação entre obesidade e infecção viral. Eu e minha mulher decidimos então que, se em dois anos eu não conseguisse encontrar algum trabalho no meu campo de pesquisa, nós voltaríamos para Bombay (capital do Estado de Maharastra, na Índia)".
Faltando apenas um mês para expirar o prazo que Dhurandhar e sua mulher haviam estabelecido, o cientista Richard Atkinson, da Universidade de Wisconsin, na cidade americana de Madison, convidou o médico indiano para desenvolver suas pesquisas na instituição. "Queríamos repetir a experiência das galinhas, mas o SMAM-1 não era um adenovírus que existia nos Estados Unidos. Tentamos importá-lo, mas a Vigilância Sanitária americana não permitiu. Então pegamos uma lista dos adenovírus que existiam aqui e escolhemos o adenovírus 36 aleatoriamente", contou.
Dhurandhar repetiu a experiência com ratos, galinhas e macacos, descobrindo neste último um aumento da massa corporal maior que nos outros animais. Se com símeos, a pesquisa revelou grande acúmulo de gordura, o que poderia acontecer com humanos? Dhurandhar esbarrou numa questão ética: "Eu não podia infectar pessoas. Não é ético. Então peguei amostras de sangue de pessoas obesas e magras e descobri que 30% dos que apresentavam grande índice de gordura estavam infectados com o AD-36", revelou o médico. Hoje, Dhurandhar já descobriu outros adenovírus causadores de obesidade e sobrepeso.
Disputadíssimo pelas universidades americanas, ele tem sua pesquisa financiada atualmente pela Universidade de Pennington, em Baton Rouge, capital do estado americano de Louisiana. Ele diz estar trabalhando em uma vacina e espera que em cinco ou até dez anos, as pessoas já possam emagrecer apenas com uma única picada. A descoberta faz do cientista um candidato ao Nobel este ano.
Você já teve aquela sensação de que, por mais dieta e academia que você faça, nunca terá aquela silhueta da Carolina Ferraz? Pelo menos não enquanto o regime for saudável. Pois é, Dr. Nikhil Dhurandhar contou o caso de uma avó que escreveu ao cientista muito preocupada com seu netinho de 10 anos que pesava mais de 80 quilos. "Ela contou que o menino se exercitava na bicicleta até seus pés incharem e sangrarem, de tão insatisfeito que estava com seu corpo. Eu realmente não podia fazer nada ainda, até porque, se realmente estivesse infectado com o AD-36, eu não teria ainda uma cura para ele", conta ele.
Dhurandhar explica que o adenovírus, como qualquer outro no planeta, ataca as vias respiratórias e, às vezes, causa diarréia quando se instala no organismo de uma pessoa. Ela tosse, espirra e age como se estivesse com um resfriado comum. Mas, por razões que o cientista ainda não consegue explicar, o AD-36 permanece no corpo, embora todos os sintomas desapareçam.
Ainda que exista uma população obesa infectada com o pestinha, pode um vírus realmente fazer uma pessoa engordar tanto? Para tentar decifrar a resposta, os cientistas já não aceitam mais as velhas explicações de que só genética e maus hábitos são causadores do excesso de peso. As pesquisas partem para estudar casos de irmãos gêmeos idênticos que possuem grande diferença no IMC.
Pelo menos é o que o biólogo Jeffrey Gordon, da Universidade de Washington,defende. Ele estuda a relação de microrganismos com a obesidade e suas pesquisas utilizam exemplos como o dos gêmeos idênticos Jim e John Thornton. O primeiro pesa quase 20 quilos a mais que o irmão, apesar de terem a mesma genética e os mesmos hábitos. Gordon explica que chegou a esses casos após analisar ratos em seu laboratório que apresentavam grandes variações de gordura em relação aos outros. "Isolamos um ratinho, limpo de microorganismos, dos demais. Percebemos que ele aumentou a quantidade de comida em 40% em relação aos outros ratos, mas, embora comesse toda hora a mesma comida, emagreceu rapidamente até ficar abaixo do peso dos demais. Não importava o quanto comesse", revela.
O cientista reverteu a experiência e levou o ratinho isolado para a convivência dos outros, num ambiente plenamente contaminado por microrganismos. "O resultado foi que ele passou a engordar num tempo recorde e diminuiu a quantidade de comida que ingeria", concluiu.
Gordon conta que cerca de 90% das células do nosso corpo são de micorganismos e o único momento em que eles não têm nenhum contato conosco é enquanto estamos no ventre materno. Eles são importantes para a maioria das funções de nossa biologia, como metabolizar o colesterol, digerir plantas, e, por fim, extrair gordura dos alimentos que ingerimos. Algumas classes de microflora são mais competentes do que as outras e azar de quem empregar no estômago e intestino esses trabalhadores. Era o que Gordon passou a observar nos gêmeos: que alguns abrigavam uma microrganismos bem diferentes dos outros.
No Brasil, a questão da obesidade tem preocupado cada vez mais as autoridades depois que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou uma pesquisa para identificar a população obesa. O estudo apontou que o número de pessoas com excesso de peso na população brasileira supera em oito vezes o déficit de peso entre as mulheres e em quinze vezes o da população masculina. Foram entrevistadas 95,5 milhões de pessoas com mais de 20 anos e o resultado obtido é que há 3,8 milhões de pessoas (4,0%) com déficit de peso para 38,8 milhões (40,6%) com excesso, sendo 10,5 milhões delas obesas.
No entanto, ainda não há pesquisas sendo desenvolvidas para descobrir as causas alternativas para o aumento do IMC dos brasileiros. Segundo os endocrinologistas, as maiores causas do elevado número de obesidade na população continua sendo os maus hábitos alimentares aliados a problemas endócrinos, como distúrbios da tireóide. "Emagrecer é uma questão de força de vontade. As pessoas são diferentes e muitas não aceitam isso. Há uma pressão grande para ser normal,padronizado, quando na verdade, isso tudo é impossível", diz a endocrinologista Ethel Stambowsky.
A doutora explica que na medicina existe uma corrente que associa muitos problemas de saúde ao excesso de peso, mas ela defende que, se um paciente é saudável com alguns quilos a mais, os médicos não deveriam se ater a preconceitos sociais e forçar o paciente a emagrecer. "Existe, sim, um grande preconceito na medicina e em toda a sociedade contra quem não é magro. Sempre se pensa que essas pessoas possuem um erro de caráter. Concordo quando dizem que o motivo é associado aos pecados capitais da gula e da preguiça. Todo o preconceituoso sempre acha que o outro é gordinho porque come demais e é preguiçoso para não gastar essas calorias. Mas não é o que reparo no meu consultório", garante.
Mas Ethel alerta que não se podem abandonar os bons hábitos alimentares e a prática de exercícios. E se, mesmo seguindo essa cartilha, o peso continuar acima do pretendido, o melhor é passar a se curtir do mesmo jeito, procurando o convívio com quem valorize o que se tem na cabeça e não o que está em volta da cintura.
Genética e alimentação não são os únicos causadores do excesso de peso
Por Pilar Magnavita - 05/09/2006 - (www.bolsademulher.com.br)
Se você sonha com uma vacina simples e rápida para, enfim, secar a silhueta, pode se preparar para acordar. Parece mentira, mas a humanidade está muito próxima de descobrir o antídoto para a obesidade e o sobrepeso. O mérito é do cientista indiano Dr. Nikhil Dhurandhar, que descobriu que alguns adenovírus, uma versão sem-vergonha do vírus, são capazes de fazer o organismo acumular gordura e, com isso, disparar o Índice de Massa Corporal (IMC), fórmula que indica se um adulto está ou não acima do peso ideal.
O cientista conversou exclusivamente com o Bolsa de Mulher e, com a voz tranqüila, revelando um leve sotaque, explicou que teve a idéia de associar a obesidade com infecções virais ao observar uma epidemia aviária no seu país natal, em 1988. "As galinhas estavam sendo contaminadas por um adenovírus fatal chamado de SMAM-1. Mas começou-se a observar que ele estava causando um grande aumento no IMC das aves e de uma forma muito rápida. O curioso é que as galinhas estavam engordando, mas continuavam a apresentar baixíssimas taxas de colesterol e triglicerídeos", explicou.
Dhurandhar decidiu se mudar para os Estados Unidos com sua mulher e o filho de sete anos em 1992, para realizar pesquisas nesse campo: "Só conseguimos encontrar um projeto na Universidade de Dakota do Norte, mas que nem era tão relacionado com minha pesquisa. Eu também não estava perto de achar uma solução para a relação entre obesidade e infecção viral. Eu e minha mulher decidimos então que, se em dois anos eu não conseguisse encontrar algum trabalho no meu campo de pesquisa, nós voltaríamos para Bombay (capital do Estado de Maharastra, na Índia)".
Faltando apenas um mês para expirar o prazo que Dhurandhar e sua mulher haviam estabelecido, o cientista Richard Atkinson, da Universidade de Wisconsin, na cidade americana de Madison, convidou o médico indiano para desenvolver suas pesquisas na instituição. "Queríamos repetir a experiência das galinhas, mas o SMAM-1 não era um adenovírus que existia nos Estados Unidos. Tentamos importá-lo, mas a Vigilância Sanitária americana não permitiu. Então pegamos uma lista dos adenovírus que existiam aqui e escolhemos o adenovírus 36 aleatoriamente", contou.
Dhurandhar repetiu a experiência com ratos, galinhas e macacos, descobrindo neste último um aumento da massa corporal maior que nos outros animais. Se com símeos, a pesquisa revelou grande acúmulo de gordura, o que poderia acontecer com humanos? Dhurandhar esbarrou numa questão ética: "Eu não podia infectar pessoas. Não é ético. Então peguei amostras de sangue de pessoas obesas e magras e descobri que 30% dos que apresentavam grande índice de gordura estavam infectados com o AD-36", revelou o médico. Hoje, Dhurandhar já descobriu outros adenovírus causadores de obesidade e sobrepeso.
Disputadíssimo pelas universidades americanas, ele tem sua pesquisa financiada atualmente pela Universidade de Pennington, em Baton Rouge, capital do estado americano de Louisiana. Ele diz estar trabalhando em uma vacina e espera que em cinco ou até dez anos, as pessoas já possam emagrecer apenas com uma única picada. A descoberta faz do cientista um candidato ao Nobel este ano.
Você já teve aquela sensação de que, por mais dieta e academia que você faça, nunca terá aquela silhueta da Carolina Ferraz? Pelo menos não enquanto o regime for saudável. Pois é, Dr. Nikhil Dhurandhar contou o caso de uma avó que escreveu ao cientista muito preocupada com seu netinho de 10 anos que pesava mais de 80 quilos. "Ela contou que o menino se exercitava na bicicleta até seus pés incharem e sangrarem, de tão insatisfeito que estava com seu corpo. Eu realmente não podia fazer nada ainda, até porque, se realmente estivesse infectado com o AD-36, eu não teria ainda uma cura para ele", conta ele.
Dhurandhar explica que o adenovírus, como qualquer outro no planeta, ataca as vias respiratórias e, às vezes, causa diarréia quando se instala no organismo de uma pessoa. Ela tosse, espirra e age como se estivesse com um resfriado comum. Mas, por razões que o cientista ainda não consegue explicar, o AD-36 permanece no corpo, embora todos os sintomas desapareçam.
Ainda que exista uma população obesa infectada com o pestinha, pode um vírus realmente fazer uma pessoa engordar tanto? Para tentar decifrar a resposta, os cientistas já não aceitam mais as velhas explicações de que só genética e maus hábitos são causadores do excesso de peso. As pesquisas partem para estudar casos de irmãos gêmeos idênticos que possuem grande diferença no IMC.
Pelo menos é o que o biólogo Jeffrey Gordon, da Universidade de Washington,defende. Ele estuda a relação de microrganismos com a obesidade e suas pesquisas utilizam exemplos como o dos gêmeos idênticos Jim e John Thornton. O primeiro pesa quase 20 quilos a mais que o irmão, apesar de terem a mesma genética e os mesmos hábitos. Gordon explica que chegou a esses casos após analisar ratos em seu laboratório que apresentavam grandes variações de gordura em relação aos outros. "Isolamos um ratinho, limpo de microorganismos, dos demais. Percebemos que ele aumentou a quantidade de comida em 40% em relação aos outros ratos, mas, embora comesse toda hora a mesma comida, emagreceu rapidamente até ficar abaixo do peso dos demais. Não importava o quanto comesse", revela.
O cientista reverteu a experiência e levou o ratinho isolado para a convivência dos outros, num ambiente plenamente contaminado por microrganismos. "O resultado foi que ele passou a engordar num tempo recorde e diminuiu a quantidade de comida que ingeria", concluiu.
Gordon conta que cerca de 90% das células do nosso corpo são de micorganismos e o único momento em que eles não têm nenhum contato conosco é enquanto estamos no ventre materno. Eles são importantes para a maioria das funções de nossa biologia, como metabolizar o colesterol, digerir plantas, e, por fim, extrair gordura dos alimentos que ingerimos. Algumas classes de microflora são mais competentes do que as outras e azar de quem empregar no estômago e intestino esses trabalhadores. Era o que Gordon passou a observar nos gêmeos: que alguns abrigavam uma microrganismos bem diferentes dos outros.
No Brasil, a questão da obesidade tem preocupado cada vez mais as autoridades depois que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou uma pesquisa para identificar a população obesa. O estudo apontou que o número de pessoas com excesso de peso na população brasileira supera em oito vezes o déficit de peso entre as mulheres e em quinze vezes o da população masculina. Foram entrevistadas 95,5 milhões de pessoas com mais de 20 anos e o resultado obtido é que há 3,8 milhões de pessoas (4,0%) com déficit de peso para 38,8 milhões (40,6%) com excesso, sendo 10,5 milhões delas obesas.
No entanto, ainda não há pesquisas sendo desenvolvidas para descobrir as causas alternativas para o aumento do IMC dos brasileiros. Segundo os endocrinologistas, as maiores causas do elevado número de obesidade na população continua sendo os maus hábitos alimentares aliados a problemas endócrinos, como distúrbios da tireóide. "Emagrecer é uma questão de força de vontade. As pessoas são diferentes e muitas não aceitam isso. Há uma pressão grande para ser normal,padronizado, quando na verdade, isso tudo é impossível", diz a endocrinologista Ethel Stambowsky.
A doutora explica que na medicina existe uma corrente que associa muitos problemas de saúde ao excesso de peso, mas ela defende que, se um paciente é saudável com alguns quilos a mais, os médicos não deveriam se ater a preconceitos sociais e forçar o paciente a emagrecer. "Existe, sim, um grande preconceito na medicina e em toda a sociedade contra quem não é magro. Sempre se pensa que essas pessoas possuem um erro de caráter. Concordo quando dizem que o motivo é associado aos pecados capitais da gula e da preguiça. Todo o preconceituoso sempre acha que o outro é gordinho porque come demais e é preguiçoso para não gastar essas calorias. Mas não é o que reparo no meu consultório", garante.
Mas Ethel alerta que não se podem abandonar os bons hábitos alimentares e a prática de exercícios. E se, mesmo seguindo essa cartilha, o peso continuar acima do pretendido, o melhor é passar a se curtir do mesmo jeito, procurando o convívio com quem valorize o que se tem na cabeça e não o que está em volta da cintura.
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