sábado, junho 30, 2012

Os blogs nossos de cada dia


Nos últimos dias estive lendo alguns blogs voltados ao próprio tema, esses que “ensinam fazer blog”, e alguns pensamentos me vieram à cabeça. Um deles foi o querer saber quando que escrever um blog deixou de ser divertido para ser algo obrigatoriamente regrado, vendido, tabelado e muitas vezes chato. Isso ficou martelando em minha mente e hoje ao ler um post no blog Dinheiro Mais percebi o quanto o mundo virtual mudou e muitas vezes me pego achando que para pior.

No texto intitulado “Os pecados de um blogueiro sem experiência”, o autor Mirko Filipovic (que digo de passagem: não o conheço e não estou falando da pessoa e sim da opinião dada) fala sobre os erros que os blogueiros iniciantes comete. A parte que mais me chamou a atenção (e confesso, me incomodou) foi quando ele falou sobre “começar um blog com estratégias erradas”. Pensei comigo mesma: “Estratégias erradas? Mas para quê eu preciso de estratégias para montar um blog?”.

Ele falava que o mais importante era ter um visual atraente e boa visitação. Completou dizendo que por ser iniciante não teria “conhecimento” e que isso seria o grande problema fadando o blog em um fracasso. Choquei quando li isso. O meu choque foi perceber que assim com o autor muitas pessoas por aí transformar algo que começou há quase 13 anos como uma forma de expressas seus pensamentos em algo completamente comercial.

Não estou aqui fazendo demagogia e dizendo que é errado “ganhar dinheiro com blog”. O que quero dizer que hoje em dia todo mundo só quer um blog para ter dinheiro e nada mais. O prazer de escrever, de se expressar, de dar uma opinião, de colocar a cara à tapa, ficaram em segundo plano.

Quando comecei nesse mundo blogueiro, há 12 anos, a maioria de nós queria se divertir, dividir um pouco do seu dia-a-dia com os amigos, que muitas vezes moravam longe, e que aquele era o espaço de libertação de pensamentos. Para algumas pessoas, como eu, uma forma de terapia. Para outros, um jeito de mostrar seu trabalho ainda desconhecido. Mas no final, todos tinham como base de importância a mesma coisa: divertir-se.

É claro que não sou nenhuma idiota e sei que o hoje é a era da tecnologia e que a internet é a principal fonte de renda de muitas pessoas no mundo inteiro. A cada dia que passa mais empresas nascem exclusivamente com serviços online. Mas estipular regras do porquê você é ou não um bom blogueiro, classificar em ranking os conteúdos e tentar impor parâmetros a algo que foi criado para entreter é difícil de aceitar em minha mente.


Ok, ok! Devo estar “ficando velha” e tenho que começar a entender que a nova geração é em velocidade cinco, “tudo prá ontem”. Mas não consigo ainda conceber em minha cabeça porque essa “obrigação” de que aqueles que possuem um blog tem que necessariamente ter muitos visitantes, ganhar pontos de visibilidade, crescer no ranking do Google e ganhar milhares de dimdins no Ad-Sense. Cadê o escrever por escrever? Cadê o “simplesmente pôr para fora”?

Entendo que os blogs corporativos necessitam de uma estratégia para se iniciar, mas um blog pessoal? Fico lembrando do meu primeiro blog (Kero Kollinho) e tento captar uma imagem mental onde ele se encaixaria hoje nesse novo contexto de “blogs profissional”. É isso que não consigo aceitar.

Antigamente os blogs que falavam de blogs eram para ajudar a mantê-los mais bonitinhos, colocar formulários de mensagens eficientes e tal. Hoje os chamados “metablogs” dão verdadeiras aulas de marketing, iniciação em gestão de negócios e outras inutilidades que para a “pessoa comum” não faz a menor diferença.

Pego como exemplo uma pessoa da terceira idade que quer apenas dividir histórias, dar dicas de passeios ou artesanato. Será que ela estaria interessada em discussões intermináveis de “quem não usa WordPress não é visto” ou “você precisa se organizar para postar”? Claro que não. Eles querem apenas escrever, dividir, serem ouvidos por qualquer um e não por um “bam bam bam” da empresa X ou Y que estariam interessados em “patrociná-los”.


Mas aí você poderia vir dizer: “'Mas Ana, você coloca anúncio do Ad-Sense em seu blog’ ou ‘você já ganhou/ou foi indicada a prêmios por conta dele’ e agora está aí reclamando?”. Não é bem por aí. Quando comecei a blogar fiz como terapia porque precisa colocar para fora coisas que me incomodavam e não conseguia expressar em palavras. E sim, se esses desabafos me levaram a ganhar ou ser indicada a prêmios foi por mérito da minha exposição como pessoa e não por “estratégias de venda”.

Quando escrevo um texto para um cliente é óbvio que uso estratégia e técnicas, mas quando venho aqui ou no meu outro blog, o Feminina Plural, é para colocar para fora algo que quero dividir, mas que na maioria das vezes transformar em palavras audíveis se torna impossível. Por isso, me incomoda quando leio os “metablogueiros” dizendo que eu “sou obrigada” a escrever N posts por semana, pesquisar profundamente o que vou falar, usar táticas estratégicas para subir em rankings de visibilidades. Não, eu não sou obrigada a nada disso.

Gosto de escrever nos meus blogs quando estou com vontade. Se não tenho, não escrevo e ponto final. Não me importa se eu tenho somente 100 leitores fixos ou 10 mil. Se eu não tivesse nenhum (como já foi o caso há 12 anos) eu continuaria escrevendo da mesma forma que escrevo hoje: com o coração. Não gosto de ser “obrigada” a exercer um prazer. Porque se eu fizer isso ele se tornará um dever e não foi com esse intuito que eu e milhares de outros blogueiros começamos a escrever há mais de uma década atrás.

Nada contra nenhum dos metabloggers, principalmente o citado. Até porque, acompanho o trabalho de muitos deles. Mas gosto de pensar que cada pessoa tem seu ritmo de evolução e não é somente de “números” que vivemos, seja no mundo on ou off-line. Não somos “iguais”. E essa desigualdade de pensamento é que faz cada blogueiro, a seu modo, ser especial.

Fico imaginando se a Rosana Hermann ficasse seguindo cegamente “regras bloguísticas” o Querido Leitor seria o sucesso que é. Claro que não. O que fez do QL um sucesso é a simplicidade como ela fala aquilo que sente, o “contar o dia-a-dia” e fazer daquele leitor anônimo parte da vida dela. E nessa escola de simplicidade blogueira outros seguiram o caminho e conseguiram unir a expressão ao mundo atual sem forçar barra das exigências atuais, como a Samantha Shiraishi, do A Vida Como a Vida quer, que escreve textos patrocionados e textos inspirativos com a mesma emoção, como se tivesse sentada na sala com as amigas em um gostoso bate-papo.


Por isso, o único “conselho” que dou aos blogueiros novatos é: escreva com o coração. Não importa sobre o quê, nem quantas vezes por semana e muito menos em que plataforma, só escreva com sinceridade e você será reconhecido por sua forma natural de mostrar quem você é e o que pensa. Quebre esse paradigma de que “temos que seguir regras”. A única “regra” que você deve seguir para seu blog ser um sucesso é a ortográfica e o resto fica por conta da sua imaginação.

Divirta-se blogando, porque só assim os outros se interessarão em ler você!




7 comentários

Unknown disse...

Oi Ana,

concordo totalmente com você; acho que os metabloggers andam muito confusos com o conteúdo que querem passar para seus leitores. Seria mais correto se o título do post fosse "Os pecados de um blogueiro profissional/monetizador sem experiência.

Infelizmente alguns metablogger percebem seu próprio blog como uma ferramenta profissional e por isso acabam acredutando que todos os blogueiros tem a mesma visão; esquecem do tempo em que blog era sinônimo de 'diário pessoal' e que isso ainda é uma verdade para muitas pessoas.

Dentre todos esses metablogs, os que mais me incomodam são os de dicas "genéricas", que falam coisas como "escreva artigos de qualidade", como se fosse fácil definir o que é qualidade em um blog.

Ótimo texto, embora não costume comentar aqui no blog eu sou um dos seus leitores.

Unknown disse...

Oi Teilor, meu lindo, saudade! Sabe não exatamente só esse texto que li, ele foi só o último que acabou estourando minha paciência. Tenho lido probloggers que eu admirava pra caramba e que hoje estou começando a ficar enjoada. Alguns até cancelei a assinatura dos feeds porque não aguento mais ficar lendo texto do tipo "se fizer isso tá errado", "faça assim e será famoso", "pense primeiro no google depois no texto" etc. Cansa ler essas coisas. Pra mim, não importa se escrevo 20 vezes por dia notinhas como a Rosana ou textos diários como a Sam ou até mesmo esporadicamnte como eu, o que importa é escrever de coração porque assim todo o resto virá!

Beijos, volte sempre!

Arthurius Maximus disse...

Um excelente texto (como sempre, aliás). O grande detalhe é que muitos chegam ao mundo dos Blogs atualmente embalados pela ideia de "dinheiro fácil" muitos vem para a rede apenas replicar lixo na esperança de se transformarem em "magnatas".

Marcela Lins disse...

Oi Ana

Excelente texto como sempre vejo por aqui. Acabei excluindo um blog porque não estava mais me divertindo com ele, nem me identificando mais com os assuntos que ele abordava, não consegui escrever por dinheiro e não tenho paciência pra estrategias, fico feliz de saber que ainda existe blogs com autores com mais vontade de mostrar o que viu e aprendeu da vida do que ensinar como a vida deve ser.

bjs

Marcela

Spiderwebs disse...

Oi Ana, achei seu blog por acaso. Sou blogueira por dois anos, vi em seu texto tudo que eu precisava ouvir para continuar firme no que amo fazer. Você , através de suas palavras me mostrou muita experiência e credibilidade. Concordo com tudo que disse, até irei citar um trecho daqui numa postagem que irei fazer , irei colocar o seu link por que , sinceramente, eu acho que todo blogueiro , seja ele iniciante, veterano , intermediário deveria ler aqui! Vou voltar sempre.

Beijão, Att , Sabrina Gomes - www.spiderwebs.com.br

Unknown disse...

Arthurius, Marcela, obrigada pelas palavras e comentários.

Sabrina obrigada pela visita. Irei depois passar lá no seu. Volte sempre!

l4kuti disse...

Blogar, eu diria, é uma arte. A arte é pura, sai de dentro de nós. Com certeza deixar o objetivo principal de um blog em segundo plano, concordando contigo, é uma falha.

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