Aos mestres o meu carinho, meu respeito e meu muito obrigada!

Hoje, dia 15 de outubro, é dia dos professores, e como meu caro amigo Rogério Bauru falou em seu blog, não há muito motivo para comemorações atualmente. Eu, como poucos sabem, sou professora formada, com muita honra. Deixei a carreira há muitos anos atrás, por imposição cruel da vida capitalista e não porque não gostasse de lecionar.

Quando me formei, em 1993, foi o dia mais feliz da minha vida. Meus pais quase enlouqueceram quando falei que no antigo 2º grau eu queria fazer Formação de Professores. Eu sempre estudei em escolas particulares. Meus pais sempre batalharam para isso e não tenho nenhuma vergonha em dizer. Contra tudo e todos enfrentei os disse-me-disse e fui atrás do que eu queria. Me formei.

Por conta da nossa sociedade totalmente materialista e capitalista tive que largar aquilo que amo. Como eu era recém-formada ninguém queria me contratar como profissional, e pagar suas contas eternamente com salário de estagiária é um pouco impossível. Por isso mudei de "ramo". E enfrentei o triste caminho de ir para a área comercial. Fui trabalhar como operadora de caixa em lojas de shopping e parei de "viver". Afinal todos sabem que funcionário de comércio não tem vida própria. Você vive a vida de seu patrão.

Depois de alguns anos passei para o lado administrativo, onde fui auxiliar, assistente e depois secretária. E segui em frente. Mas minha paixão por lecionar nunca ficou de lado. Eu me especializei em alfabetização de crianças com necessidades especiais, principalmente com Síndrome de Down. Hoje sou voluntária quando tenho um tempinho sobrando. Gosto de dar aulas. Não educar, afinal educação se aprende em casa. Gosto de ensinar. Isso mesmo: dividir o pouco que eu sei e também aprender de volta.

Adoro dar aulas para adultos também. Ver um sorriso no rosto de uma senhorinha que acaba de aprender a escrever seu nome depois de anos de luta para viver não tem preço. Mas infelizmente nossa vida na sociedade atual tem, e é bem caro. Por isso, com a "ótima" atenção que o governo faz questão de não nos dar é impossível ser feliz ensinando. Mas como adoro fazer isso faço de graça porque amo ver o sorriso de uma criança quando aprende uma letra, quando consegue juntar duas palavras e ver que aquilo tem vida própria.

Amo ensinar... Mas infelizmente em um país onde os governantes preferem que todos sejamos analfabetos para que assim possam nos manipular com mais facilidade (vide eleições e promessas de cestas básicas e obras que nunca são feitas), lecionar virou uma coisa impossível, de guerreiro mesmo. E não me venha dizer que os professores de hoje são felizes, porque não, afinal todos têm uma família para sustentar, bocas para alimentar e contas para pagar.

Lecionar para mim hoje virou um hobby, uma paixão. Não me cobro por não estar em uma sala de aula, mas não voltaria a viver só da "Educação". Hoje ensinar para mim é prazer, e para isso não preciso estar empregada em uma escola. Existem muitas pessoas que precisam de ensinamento em muitos lugares sem ser em uma sala de aula. Pare e observe os pontos de ônibus de vida. Converse com anônimos e vocês verão o que eu falo.

Ensinar é um dom. Poucos os têm, muitos se aproveitam daqueles que nascerem com essa dádiva. Não vivemos mais nos tempos de ouro da Educação, onde ser um professor nos dava status, pompa e respeito. Hoje, se conseguirmos o respeito de um aluno se quer já é muito. Quando conseguimos tirar uma criança da vida ruim através do saber é uma glória sem fim... Isso não tem valor!

Parabéns sim a todos os professores, pelo simples fato de enfrentarem dia-a-dia uma guerra contra o governo, a sociedade e contra si mesmo. Nós somos guerreiros... Guerreiros do saber, e isso merece aplausos sempre!

Todo professor já foi e sempre será aluno.