sábado, outubro 31, 2009

Enfim, depois de 10 anos, dou meu grito de "semi-liberdade"

Obs: O texto é longo... Ninguém precisa ler até o final se não quiser...


De tanto ler vários sites, blogs, textos, e-mails e similares sobre o novo mundo 2.0 ao mesmo tempo em que fico maravilhada, me assusto. Esse susto é justamente porque comecei na web em uma era em que um computador era mercadoria de luxo, poucos tinham e muitos almejavam.

Foram pequenas, e grandes, mudanças que ocorreram no mundo online desde 1998 quando comecei meu caminhar por esse mundo completamente diferente que é a web. O mundo www era desconhecido, e a única coisa que chamava a atenção de todos, principalmente da garotada daquela época (eu era uma delas) eram os chats de bate-papo espalhados pela rede (ainda humilde) e que eram super complicados. Afinal, tudo era novo naquele mundo gerando por trás de uma tela.

Um ano após o boom de Internet por aqui eu era uma mera viciada na rede (já falecida) AOL Brasil, nos ICQs da vida e, chats do IG e companhia. Cheguei a tentar me aventurar no mundo do tal mIRC, coisa que não consegui. E por ali fiquei. Cursinhos de informática que nunca me serviram para nada. Programação no velho DOS, que seis meses depois virou história para boi dormir, e eu fui seguindo no mundo virtual.

Em 1999, um ano após meu ingresso no estranho mundo binário, resolvi me aventurar no mundo blogueiro. A blogosfera era humilde, pequenina. Acreditem, é a pura verdade. A maior parte dos blogs era feitos por mulheres e todos tinham seu formato estilo diário-virtual, baseando-se nos antigos de papel. Os homens nem queriam saber disso, pelo menos não aqui no Brasil. Isso de diário não era coisa para "macho", ouvi muitos dizerem. E muito mudou.


Mas em 2004 tudo isso mudou. Digo, mudou mesmo, radicalmente. O mundo, incluindo as empresas, começaram a perceber que o mundo virtual (antes voltado só para o lazer) era um espaço inexplorado e cheio de possibilidades. A empresa norte-americana, O'Reilly Media, resolve renomear o mundo online, eis que tudo aquilo, que muitos ainda estavam aprendendo a mexer, de repente vira um gigante mostro chamado Web 2.0.

Li em uma matéria que Tim Berners-Lee, o inventor da World Wide Web (o famoso www), afirmou que o termo Web 2.0 fica com seu sentido meio perdido, e está mais para uma jogada de marketing do que qualquer outra coisa, já que componentes tecnológicos utilizados por esse "novo mundo virtual" já teriam sido criados antes mesmo do surgimento da Web em si. Tá... E daí? Devem estar perguntando...

O "daí" está na modificação de como vemos a nossa vida atualmente. Tudo gira em torno da Internet. Banco, lojas, supermercados, livrarias, livros, jornais, filmes, bate-papo com os amigos, propostas de negócios, rádios e até a televisão. Tudo isso agora está ao alcance da maioria da população mundial com apenas um clique, quem sabe até dois. Mas o que quero dizer que antes, o que era um luxo (o computador), hoje é um item obrigatório em empresas, escolas e até em casa. Aquele que não o tem, é tachado muitas vezes de um excluído, o famoso excluído ou analfabeto digitais.

Uns são assim porque querem. Recusam-se entrar a força nesse novo mundo digitalizado, outros entram na base da chantagem. Isso mesmo, empregadores obrigam seus velhos funcionários a se "atualizarem" ou serão substituídos pela nova geração, a Geração 2.0. Hoje você é obrigado a saber o que é um site, um blog, um orkut, um twitter, etc. Tem que saber diferenciar o que são redes sociais de mídias sociais, e ainda saber para que cada uma delas serve. Se você não sabe isso, ou não quer saber, simplesmente é incluído para fora do mundo, que hoje é vivido, "especularmente" falando, uns 70% do tempo online.

E o que tudo isso tem a ver com o meu "semi-grito-de-liberdade"? Sempre odiei informática. E no começo achava que ela me odiava também. Perdi dois computadores porque não conseguia sequer entender os tais erros de DLLs 32 do maldito Windows 98, e acabava apertando botão que não devia. Mas, eu, como muitos da geração 80, nos adaptamos, e evoluímos. Não todos, mas pelo menos a maioria.

Aquele pequeno blog que eu tinha em forma de diário cresceu. Engatinhou, deixou de ser diário, virou um espaço de mostrar meus pensamentos, depois migrou para um espelho da forma como eu via o mundo, até que se tornou meu cartão de visitas profissional. Mas até chegar nesse ponto tudo foi muito difícil. Tudo mesmo...

Aprendi digitação, lotus, cobol, programação... Que nunca me serviram para nada. Depois me invadir no complexo mundo da Microsoft e seus produtos enfeitiçantes: Windows, MSN, Office e por aí foi. Dali tentei entender o mistério do Linux, mas fiquei meio parada nesse caminho (e ainda quero voltar). De tanto levar pau quando o pc quebrava, eis que decidi entrar em um curso de manutenção de microcomputadores, e hoje tenho a autonomia de não precisar de ninguém para reparar qualquer dano em meu pequeno "brinquedo de trabalho".

Sonhei, e ainda sonho, com muitas mudanças. Quando tinha meu pequeno diário-blog, o Kero Kollinho, onde chorava pitangas (hum, lembrei da minha avó com essa) do meu dia-a-dia via os sites ganhando proporções gigantescas e se enraizando pelo mundo "sem fronteiras" da Internet. E, os blogs ainda eram vistos como um pequeno dispositivo para "adolescente-adulto" brincar de ser importante. Mas isso mudou... Os primeiros pequenos blogs começaram a ter reconhecimento. E aquele meu sonho de um dia ser "ponto com" ficava cada vez mais longe. Como um dia eu conseguiria competir com o mundo "gigantescamente inimaginável" da rede online? Não tinha como. Adiei meus sonhos. Como sempre.

Adiar, não quer dizer que esqueci. Nunca esqueci. Continuei vivendo, e aprendendo. Entrei para a faculdade, escolhi minha profissão: ser jornalista. Mas ela (a profissão) já estava escolhida desde da adolescência, mas primeiro preferi viver a vida, aprender na prática em todas as áreas profissionais antes de mergulhar naquilo que sempre quis. Vive e nunca me arrependi. Trabalhei no comércio, como secretária, fui professora primária (naquela época não era Ensino Fundamental), fui operadora de caixa, mas nunca deixei de ser sonhadora.

Quando resolvi transformar meu antigo diário, Confissões no Travesseiro, no Profissão: Jornalista, eu queria abrir meu leque não só de conhecimento, mas também de reconhecimento. Não, não ser "famosa", "estrela de cinema e tv", nem participar de "realities shows". Queria ser reconhecida no meu esforço em aprender, em continuar a aprender e fiz do PJ meu espaço profissional. Aqui mostro meu ponto de vista (como fazia ainda no diário-virtual), mas com bases técnicas que aprendi na vida e nas aulas da faculdade. Aqui mostro meu trabalho, meus sonhos e meus desejos, realizáveis ou não. Só mostro. Mas muitas vezes só ficava nisso, no sonho.

Quando comecei a vivenciar o mundo 2.0 e suas redes socais, conhecendo pessoas inteligentes e dinâmicas, todos aqueles sonhos adormecidos começaram a emergir novamente. Mas aí vinha minha sina. Estava novamente desempregada, sem dinheiro, cheia de dívidas, onde mal conseguia me manter na universidade e conseguir meu tão sonhado diploma. Parecia que tudo, com todo mundo, estava dando certo, menos comigo. Mas nunca gostei desse estado de "coitadinha". Essa nunca fui eu. Me calei, e me escondi em meus pensamentos até conseguir uma forma de expurgá-los para fora.

Vi blogueiros crescendos, sendo reconhecidos, sendo beneficiados, sendo tratados como profissionais (e porque não? Manter um blog dá trabalho pow!), mas eu ainda não me dava chance disso. Talvez por medo? Sim, medo de não conseguir, de não dar certo, de não ter o mesmo reconhecimento daqueles que hoje são chamado de "probloggers ou metabloggeres", como Cardoso, Edney Souza, Juliana Sardinha, Cris Dias, Rosana Hermann, e tantos outros. Quem sou eu para querer alguma coisa a mais do que já consegui construir com 10 anos na blogosfera? Ninguém? Não... Sou alguém sim. Não quero fama instantânea. Não quero reconhecimento forçado. Quero ser lembrada e reconhecida por meu trabalho, minha dedicação ao que amo.

Amo a profissão que escolhi, e olha que tá difícil no Rio de Janeiro arrumar vaga até de estágio em Jornalismo ou em Comunicação em geral. Amo ser blogueira, optei por isso há 10 anos atrás, quando comecei com meu pequeno diário e nunca quis ser uma mestra em ilusões. Lembro de conversar com o Francisco Robson no twitter, o @Robhym, quando o via perdido tentando entender porque um ninguém visitava o blog dele, e eu disse que, ao longo de 10 anos, também tive momentos em que me preocupei com quantidade, mas depois descobri que a qualidade de seus visitantes é que vale a pena.

E não minto quando digo isso. Nunca serei uma "pro" ou "meta" na blogosfera, porque me preocupo em agradar poucos, mas sinceros e fiéis, do que muitos, que na maioria das vezes só nos visitam, olham, saem, e quando comentam algo ou é para pedir para você linka-los também ou visitar o blog deles. Tudo isso aumentou mais ainda na minha cabeça, depois que vi um grande amigo crescer e também ter o domínio dele. Muitos não sabem, mas o Mural do Antena agora também tem seu domínio próprio. Parabéns a você Antenor!


Li hoje o texto do @Cardoso, no Contraditorium, quando ele falava dos blogueiros que não ganham nada falando mal daqueles que conseguem chamar a atenção da mídia, e das empresas, e são agraciados com o poder de avaliar seus produtos. Isso mesmo, ganhar brindes nada mais é do que fazer você testar o produto para eles antes de ser jogado ao grande público. Afinal, pessoas como Cardoso, Cris Dias, Juliana, tem seguidores em massa que irão ler as opiniões dadas em seus blogs, e poderão, ou não, amar ou repudiar um produto. Hoje tudo no mundo 2.0 é voltado para o marketing: empresarial, comercial e pessoal. E porque não? O mundo é assim desde que é mundo. E nunca irá mudar.

Ganhar brindes, meus caros, é uma honra. Qual blogueiro, nos anos 90, sonhou que um dia iriam ser disputados por grandes empresas para testarem seus produtos? Éramos tachados de "adolescentes irritantes" que criavam páginas medíocres na Internet para chamar a atenção. Hoje, somos reconhecidos como formadores de opinião. Isso é legal. Muito bom mesmo. Faz bem as empresas, e também ao nosso ego. E não adianta vir com a utopia que ganhar elogio é ruim, porque não é. Todo mundo quer ter seu trabalho reconhecido.

E depois de tanto falar - vocês já devem ter parado de ler lá no segundo, ou terceiro parágrafo - enfim digo o porque da minha "semi-liberdade". Sinto-me livre virtualmente. Enfim, com muito custo, consegui juntar uma pequena grana (estando desempregada óbvio que isso é algo dificílimo, as contas não param de chegar – e os credores de cobrar), e comprar os meus domínios. Hoje, grito (internamente), que também sou "ponto com".
Leia também:

Uma coisa que no auge da minha vida de blogueira, ainda sem entender direito sobre monetização, generalização, viralização, e tantos outros "ção" que existem no mundo 2.0, consigo minha "semi-liberdade" de ter meus domínios próprios. O PJ, o Feminina Plural e o TeleVisão agora são .com, tudo bem que ainda estou na plataforma blogger, afinal não tenho dinheiro para ter minha própria hospedagem própria. Quem sabe um dia. Mas só em poder dizer que depois de 10 anos na blogosfera consegui algo, que eu nunca achei que conseguiria, me deixa feliz demais.

Para muitos, isso pode até parecer que estou querendo "aparecer", mas não é. Só estou feliz, e como toda pessoa feliz, que não ganha nada de graça (e sim com muito trabalho) a vontade é de gritar para todo mundo: "Sim, eu consegui!". Consegui, com esforço, paciência e dedicação, o que muitos conseguiram fácil. Mas foi bom, porque aprendi quando criança que tudo que vem fácil, vai fácil.


Se vou conseguir manter o pagamento dos meus domínios futuramente, não sei. Só o tempo dirá. Afinal, no momento financeiro em que estou, não sei nem se o meu sonho de me graduar também poderá ser realizado, mas tudo na vida tem um "porquê", e temos que passar por todos os obstáculos para chegarmos ao final da corrida. Quantos obstáculos mais eu ainda tenho pela frente não sei, mas que venham todos. Posso até cair em algum deles, mas como sempre fiz, vou levantar e continuar correndo rumo ao meu sucesso pessoal, porque para ele acontecer só depende de mim e de minha força de vontade. E ainda bem, que isso eu tenho de sobra.


6 comentários

Antenor Thomé disse...

Estou muito feliz por você amiga.
Sei da sua batalha e do seu amor por aquilo que faz, isso já é um grande potencial para que o resultado do seu trabalho seja positivo.
Hoje você conseguiu romper mais uma barreira, outras ainda estão por ai, mas certamente serão ultrapassadas com muito trabalho e talento.
Obrigado por me citar no texto tambem, fico honrado e feliz..

Parabéns e vamos continuar acessando como sempre, mas agora no .com

Bjos

Antenor Thomé
www.muraldoantena.com.br

Cristina disse...

Uau!! anamagal.com.
Parabéns por mais um passo, to torcendo por vc (ah! e lendo seus blogs)
bjos

Unknown disse...

É Anteninhaaa... agora somos ponto com! E vamos continuar no rumo do sucesso sempre.
Ti lovu amigo!!!

Tinaa, minha "comentarista" assídua, obrigada pela torcida e pelos comentários sempre carinhosos. Você é sempre bem vinda aqui.

Janaina Gorski disse...

Olá Ana Magal,
Decidi cursar jornalismo e tenho visitado diversos blogs sobre o assunto para ir me inteirando mais sobre o jornalismo no mundo virtual. Gostei muito do seu texto e deixo meus parabéns pelas suas conquistas!!
Janaina

Anônimo disse...

Gostei da sua história, eu não sabia que seu blog tinha 10 anos de idade, vejo o quanto ainda sou bebê na blogosfera 2.0. Passei por aqui uma vez e gostei muito da sua postagem sobre a violência no Rio de Janeiro, vou voltar outras vezes só não prometo comentar todas as vezes que passar por aqui.
Abcs e parabéns pela conquista! Ass: Digão da Web. :)

Unknown disse...

Conheço essa guerreira a mais de 20 anos, dançamos tanto xuxa juntas(rsrsrsrsrs). Só passei pra te dizer amiga, que td que conseguiu e ainda vai conseguir é merecedor.Que você tenha mais sucesso e sei que alcanças tds os seus objetivos. Afinal, pra você e nem pra ninguém nada é impossível.

bjs, camila valente

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