quarta-feira, dezembro 16, 2009

Que "Natal" tem sido o seu nos últimos anos?


"A cidade deseja ser diferente, escapar às suas fatalidades. Enche-se de brilhos e cores; sinos que não tocam, balões que não sobem, anjos e santos que não se movem, estrelas que jamais estiveram no céu.

As lojas querem ser diferentes, fugir à realidade do ano inteiro: enfeitam-se com fitas e flores, neve de algodão de vidro, fios de ouro e prata, cetins, luzes, todas as coisas que possam representar beleza e excelência.

Tudo isso para celebrar um Meninozinho envolto em pobres panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil anos, num abrigo de animais, em Belém..."


Toda vez que chega essa época do ano eu lembro desse texto acima. Esse é um trecho do livro de Cecília Meireles ("Quatro Vozes", Editora Record - Rio de Janeiro, 1998, pág. 80) intitulado "Compras de Natal". Fico sempre pensando nesses dias "festivos" de fim de ano, para a maioria dos cristãos, que o Natal começou a ter um significado muito mais comercial do que qualquer coisa. É um corre-corre sem tamanho para os grandes magazines para pegar as promoções escabrosas de final de ano.

É todo mundo comprando presente para todo mundo, familiares, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, mas lembrar o que significa realmente o Natal, hoje em dia, poucos sabem, ou fingem não saber. Não estou eu dizendo que não gosto de receber presentes e de presentear, claro que gosto, quem não gosta? Mas distorcer o sentido das coisas, ou feriados religiosos, é o que faz com que eu me afaste cada dia mais das religiões e igrejas.


Independente do credo de cada pessoa, o fim de ano representa um recomeço, aquela hora de parar e avaliar todos os atos, e pensamentos, feitos nesse ano que se acaba e começar a se preparar para aquele que irá começar. Mas a maior parte só quer saber de beber, brigar, comprar e festejar, o quê mesmo ninguém ainda descobriu.

Eu, como todos os anos, passarei o Natal com os parentes e amigos. É sempre bom estar reunido nessa hora das pessoas que nos amam. Claro, há a troca de presentes? Sim, principalmente para as crianças, que infelizmente ainda insistimos de que acreditem em um homem velho e gordo que mora no Polo Norte e que atravessa o mundo inteiro distribuindo presentes. Coitada daquelas que não tem o "pai ou mãe" Noel para dar pelo menos uma nova camisa para esquentá-los nas noites de frio.


Em outro trecho do texto da Cecília reflito muito sobre essa necessidade incontrolável da geração 2000 de consumir, não importando o quê. Hoje os "sonhos natalinos" estão mais caros. Antes as crianças se contentavam com um carrinho de plástico ou de madeira, as meninas com suas bonequinhas de pano... Hoje eles querem celulares, laptops, computadores, iPods, e toda a parafernália eletrônica que os pais puderem comprar. Eu, nos anos em que estou empregada, compro um monte de joguinhos de roupas (camisetas e shortinhos) e pequenos brinquedos (como jogo de varetas, bola de futebol, bonequinhas) e distribuo em algum orfanato ou comunidade carente.

"..Por isso é que os lojistas, num louvável esforço de imaginação, organizam suas sugestões para os compradores, valendo-se de recursos que são a própria imagem da ilusão. Numa grande caixa de plástico transparente (que não serve para nada), repleta de fitas de papel celofane (que para nada servem), coloca-se um sabonete em forma de flor (que nem se possa guardar como flor nem usar como sabonete), e cobra-se pelo adorável conjunto o preço de uma cesta de rosas... (Compras de Natal – Cecília Meireles)"



Posso não mudar o mundo, mas o pensamento de alguns poucos eu posso tentar. Pois aquelas crianças não acreditam no tal "Papai Noel", muitas nem "papai de verdade" tem, quanto mais um que viajar o mundo inteiro em menos de 24 horas em um trenó imaginário. Elas querem um sorriso, um abraço, um pouco de comida, e não só na noite natalina, e sim em todas as noites do ano.

Por isso, esse ano, quando você for comprar o presente de seu filho, sua mãe, seu marido ou esposa, lembre-se daqueles que nem comida terão na mesa para celebrar o nascimento do que foi chamado pelo povo há milhares de anos atrás de Salvador das Nações. Divida. Comida, brinquedo, roupas. Abrace, beije, eduque. E isso não só no Natal, mas em todos os dias do próximo ano. Comece agora a mudar sua forma consumista de festejar o fim do ano ou de fingir que entende o significado do Natal só porque vai rezar ou orar em suas igrejas.

Fazer o bem é fazer algo de bom o ano inteiro, todos os dias. Principalmente para aqueles que você nunca viu na vida. E não me venham com aquela de que "estou mal financeiramente". Existem pessoas no mundo que mal tem o que comer, mas dividem o pouco que tem com os deles e com todos os outros que baterem em sua porta dizendo estar com fome.


Um verdadeiro feliz Natal para todos. Com paz, saúde e alimento. Porque o resto a gente consegue se tivermos esse tripé da felicidade. Faça do Amor o maior presente de todos. O PJ deseja um feliz, responsável e cheio de paz Natal para todos.


1 Comentário

Anônimo disse...

Adoro a unidade proporcionada pelo espírito natalino, acho até que as pessoas deveriam levar esse sentimento, que é passageiro, por todo ano e porque não dizer por toda vida.

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