quinta-feira, fevereiro 04, 2010

O desemprego, os processos seletivos e as decepções...


Não é de hoje que o desemprego assola pessoas no mundo inteiro e aqui no Brasil não é diferente. E comigo também não é tão diferente assim. Muitos, que consideram o "estar empregado" é ter um trabalho de 9h às 17h trancado em um escritório sem vida social ativa, carteira assinada e todos os "benefícios" possíveis, acham que qualquer "emprego alternativo", seja ele autônomo ou freelance, algo não classificado como "estar empregado". Então, dentro desses "padrões sociais" eu estou classificada como uma "desempregada", há exatamente 1 ano e 2 meses. Porque para a maioria fazer "freela" não é "estar trabalhando".

Nesse ano de 2009 minha "experiência" em realizar entrevistas de emprego tem sido uma rotina. É um tal de "poderia comparecer dia tal", e aí vamos no tal dia e "faz prova, responde perguntas, faz treinamentos" e depois vem (na maioria por e-mail frio e pré-fabricado) "seu perfil é muito bom, mas no momento não se enquadra na vaga disponível, seus dados ficarão disponíveis em nosso banco de dados para um futuro contato" (o que nunca mais acontece). Nesse ponto então, eu poderia dizer que já estou começando a ter "experiência" em "fazer entrevistas". Será que posso colocar isso em meu currículo também?


E a cada "entrevista" dessas que eu vou fico decepcionada com a falta de profissionalismo de algumas empresas de RH ou dos RH's de algumas empresas. Acho que eles pensam que nós somos "ingênuos", não é possível outra explicação. Nos fazem sair de nossas casas (dependendo de onde cada pessoa mora, isso significada acordar lá pelas 3, 4 ou 5 da manhã e sair de casa até sem café por ser cedo demais), passarmos, às vezes, o dia inteiro em processos seletivos mecanizados com testesinhos prontos do tipo "marca pontinho", "faz tracinho", "diz quem é você" e mais um monte de "blá, blá, blá", recebermos "elogios" falsos de que nosso currículo é "ótimo", que nosso trabalho é "excelente" para no final dizerem que ou "não nos enquadramos na vaga proposta" ou "temos experiência demais para o que está se pedindo". E isso quando dão alguma resposta sobre as negativas.

Se ao menos os funcionários dos RH's da vida nos dissessem o que "tínhamos feito de errado", quem sabe na próxima entrevistas estaríamos melhor preparados para encarar um novo obstáculo. Mas não, calam-se e ainda acham que somos "idiotas". O que mais me irrita é quando nos dedicamos às etapas de seleção, fazemos tudo o que nos é pedido, temos certeza que fizemos dentro no esperado, recebemos elogios de como fomos bem durante o processo e depois nos tratam como adolescente agradecendo nossa "visita" e pedem para aguardar uma "resposta em casa". Essa é outra coisa que me irrita.

Todos sabem que a famosa frase "aguarde nosso contato, em breve, negativa ou positivamente, estaremos entrando em contato" já é uma afirmativa de que você não foi aprovado. Então, porque não falam logo de uma vez? Não... Nos fazem sair de casa, um, dois e até três dias, gastar dinheiro de passagens (muitas vezes até três ou quatro conduções) para irmos lá e não tem nem a coragem de falar em nossa cara "olha, você não é o tipo de pessoa que queremos, obrigada pela participação e boa sorte". O pior é quando acham que essa lorota está colando. Porque eles ainda acham que isso cola, acredite.

Minha decepção com processos seletivos chegou ao limite hoje. Não vou citar nome de empresas, porque não cabe a mim fazer relevância a empresa, se acho que o problema é algo seletivo a alguns funcionários. Mas fiquei praticamente três dias fora de casa para participar de um processo que incluiu desde uma entrevista em grupo e dias de "treinamentos de aptidão nos programas da empresa", receber elogios do que eu fiz, gastar dinheiro de passagem, madrugar às 4 da manhã, para depois não terem a capacidade nem de falar na minha cara que não fui escolhida e nem o porquê de não ter sido escolhida. Ou todos são ótimos mentirosos ou falsos mesmo.


O que mais me chateia é que sei que sou uma boa profissional. Claro que tenho defeitos, quem não os têm? Não sou a senhora perfeição. Mas daí a muitas vezes não ser escolhida porque tenho "experiência demais" ou de "menos" é algo muito estranho para se falar depois de dias de processo seletivo. Afinal, leram meu currículo, viram tudo o que sei ou não fazer. Me chamaram, passei por mais de uma fase de seleção e depois de tudo isso "não me encaixo no perfil da empresa"? Será que sou "tão ruim assim"? Juro, hoje me senti o lixo da escória humana. Me senti tratada como uma criança de 5 anos de idade. Foi um insulto à minha inteligência.

Não digo que todas as empresas são assim. Existem muitas que sabem fazer um processo, e quando lhe dão uma negativa explicaram claramente os porquês de não ter sido selecionado (o que eu acho correto, afinal posso estar fazendo algo errado e nem sei disso. Se não sei como irei mudar?). Mas a maior parte não quer saber se você tem dinheiro para sair de casa vários dias para um processo seletivo, não querem saber se você tem outros compromissos, não querem saber se você faz trabalho autônomos ou freelas para sobreviver a esse mundo capitalista (e egoísta). Eles só querem saber o que bem quiserem, sem se importar se o candidato ficará bem ou não.

Será que é muito pedir melhores profissionais de Recursos Humanos? Que por sinal nem merece esse nome, afinal tratar os candidatos como "humanos" tem sido a última coisa na lista desses "psicólogos especializados em empresas". Tenho saudade do tempo onde os RH's eram somente DP (departamento de pessoal), e quem escolhia se você ia trabalhar ou não era o dono da empresa ou um diretor direto. Hoje você tem que passar por um quilo de pessoas diferentes, que depois, nunca mais você verá a cara (dependendo do tamanho da empresa) e que nem saberá qual seu nome no final das contas (e do dia), e que se você analisar bem, nem sabem de verdade qual a função que você deve ter para exercer o cargo solicitado.

Hoje tudo é "mecanizado", "robotizado" e não em forma de máquinas, mas se de "pessoas mecanizadas" que ensaiam discursos prontos, terceirizam todo e qualquer processo de andamento logístico de uma empresa e mal sabem quem é você (e até o que a empresa e o cargo são) e se acham os "donos da companhia". Sinto falta da humanização nos processos de seleção. Sinto falta do "vamos conversar e ver o que você tem que melhorar", saudade do "senta aqui que vou te ensinar". Hoje querem que todos nasçamos prontos, que saibamos tudo, sendo que não nos dão chance de aprender o básico, e sem "aprendizado" não teremos, nunca, aquilo que eles tanto querem.

Resumindo: fico pensando então para quê estudamos tanto? Para quê gastamos tando dinheiro em cursos "especializados", seminários, faculdade, escolas, se no final vai entrar naquela vaga, em que você sabe que está preparado, àquele que agradou "a cara do selecionador", independente de ter experiência ou não. No mundo hoje o "QI" (quem indique) ainda tem força e o as seleções por cotas (sociais, raciais, religiosas e outras) ainda prevalecem. E ai de você não ser o "tipo daquele que está te entrevistando"... Você pode até ser o profissional mais gabaritado do mundo, se o recrutador não for com a sua cara amigo, já era. Podem ir para casa chorar... E voltar para os "empregos não tradicionais".


Mesmo com todo meu trabalho informal e o pouco dinheiro que ele me gera, começo a pensar que estou muito mais feliz dessa forma do que se estivesse em alguma grande empresa. Por isso, prefiro mil vezes trabalhar em uma microempresa do que em uma Multinacional ou mega companhia com milhares de funcionários onde o chefe nem sabe o nome daquele que trabalha na mesa ao seu lado.

Sou estudante, sou "desempregada", sou freelance, sou batalhadora, sou devedora, estou com a conta no vermelho, mas uma coisa posso afirmar: SOU FELIZ ASSIM.

*Todas as imagens deste posts foram encontradas via Google Imagens. Caso alguma seja sua, por favor, solicite a devida credencial via e-mail.

6 comentários

Anônimo disse...

Passo por isso também algumas vezes!! É um padrão tosco e eles fazem cara de que é tudo pela primeira vez e também fazemos isso. Uma técnica de recrutamento dessa é totalmente antiquada e deveria ser mudada para algo mais REAL e VERDADEIRO, onde falassem com clareza o que precisam, o que acharam dos candidatos e discutir essas questões.

Unknown disse...

Somos tratados como efêmeros entrevistados,infelizmente é assim que somos tratados,não é fácil passar por isso é preciso ser forte e lá na frente vamos conseguir.Esses dias passei por uma entrevista e me pediram que aguardasse, sempre como a mesma conversa,mas tudo bem,tenho esperanças que vou conseguir. :) Pensamento positivo!

Wander Veroni Maia disse...

Oi Ana!

O que eu posso lhe falar é que não desanime. (In)felizmente, o nosso network conta muito na hora de fazer um processo seletivo. O que percebo - principalmente no Jornalismo, que em determinados casos, é preferível contratar alguém que vc conhece o trabalho e tem confiança, do que um profissional que ninguém tem referência. Não estoude fendendo esse tipo de seleção, só digo o que se passa, blza.

Mas, como diria a música, "Fé em Deus e pé na tábua!". Se a sua hora não chegou ainda, é pq tem algo muito melhor para acontecer, pode acreditar!

Abraço,

http://cafecomnoticias.blogspot.com

Ana Beatriz Camargo disse...

Ana, você assistiu ao recém lançado filme Up In The Air (na medíocre tradução p/ as nossas telas de Amor Sem Escalas)?

Então, comentei deste filme porque o George Clooney desempenha uma profissão inexistente nas nossas terras tupiniquins: ele é "demitidor" Haha...
O foco da trama não é muito na profissão dele, mas nos ônus e bônus que ela proporciona.
De qualquer forma, é um filme bem legal, com uma trilha sonora linda e atores fantástico, como o Clooney, a Vera Farmiga e Anna Kendrick, portanto, fica aqui a minha dica.

Ótimo texto, beijos!

Unknown disse...

O DESEMPREGO NESSE PAÍS DE POLÍTICOS MEDÍOCRES COMO O NOSSO É TRATADO COMO UM PROBLEMA PESSOAL DE CADA UM E NÃO COMO UM PROBLEMA SOCIAL QUE ELES(OS POLÍTICOS OU GOVERNANTES)MESMOS CONSTROEM COM A CORRUPÇÃO E A FALTA DE ÉTICA.
QUANTOS PROFISSIONAIS BONS E VALOROSOS,QUE DESEJAM DEMONSTRAR O SEU VALOR ESTÃO HOJE DESEMPREGADOS. POR OUTRO LADO,QUANTOS QUE NÃO POSSUEM QUALIFICAÇÃO E QUALIDADES,MAS ESTÃO HOJE GOZANDO DE BONS EMPREGOS E BONS SALÁRIOS SOMENTE PORQUE "TEM CONHECIMENTO". EM PAÍSES SÉRIOS O DESEMPREGADO É TRATADO COM DECÊNCIA,AJUDADO E AUXILIADO
DE DIVERSAS FORMAS ATÉ CONSEGUIR UMA OUTRA COLOCAÇÃO NO MERCADO,PORQUE LÁ O DEMPREGO E O DESEMPREGADO SÃO PROBLEMAS DO GOVERNO.
AQUI É "SALVE-SE QUEM PUDER","FARINHA POUCA MEU PIRÃO PRIMEIRO" E OUTRAS IDIOTICES QUE SÓ FAZEM MAL AO TRABALHADOR. JÁ FUI EM ENTREVISTA EM QUE A PESSOA DEMONSTRA QUALIFICAÇÃO,APTIDÃO,QUALIDADE,CONHECIMENTO,ETC.... MAIS QUEM É CHAMADO SEMPRE É O CONHECIDO DE FULANO E CICRANO DA EMPRESA OU DA AGÊNCIA DE EMPREGO. GASTA PASSAGEM,GASTA TEMPO,GASTA PACIÊNCIA E NO FINAL É TRATADO COMO BOBO, É CHAMADO APENAS PARA "ENCHER LINGUIÇA",OU SEJA DAR O ÁLIBE DE UM PROCESSO DE SELEÇÃO,EM QUE "O SELECIONADO JÁ ESTAVA SELECIONADO". É JOGO DE CARTAS MARCADAS. NESSE PAÍS CORRUPTO E MEDÍOCRE COMO O NOSSO. INFELIZMENTE.

Rejane Ribeiro disse...

Lendo seu blog eu me deparei com uma situaçao parecida que me ocorreu. Eu estava concorrendo a uma vaga , que na verdade nem sei como meu CV foi parar nesta empresa de RH. Me chamaram , fui para a entrevista. Uma "psicologa" me atendeu, parece ser muiiito inexperiente, me fez umas perguntinhas do tipo receita de bolo, que todo rh já tem pronto. E nao fez nenhum teste tecnico , nada para saber se estava ou nao apta para a funçao. Entao me liga uma semana depois me dizendo que eu sou do tipo de pessoa q nao para nos lugares pois tenho muitas experiencias mas por pouco tempo e a empresa queria um profissional mais fixo no local. E daí eu pensei: poxa mas se a empresa me oferecer boa coisa , com certeza eu ficarei. Buscamos o que é melhor pra gente. E pensei também que se eu tivesse sido escolhida o lugar nao ia ser tao bom pra mim e sairia rapidinho! Pois é , depois de umas dessas que penso muito na ideia do "freela", viu?

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