O mundo continua girando independente de nossos problemas

Como relatei um tempinho atrás, minha vida está completamente agitada. Novos negócios, muito trabalho, correria, um novo relacionamento e muito mais. Com isso, tenho ficado distante dos meus blogs e sem tempo (e confesso que também sem inspiração) para escrever.

Mas independente dos nossos problemas pessoais o mundo continua a girar. As contas chegam todos os meses, os cobradores ligam, as pessoas reclamam das coisas mais fúteis do mundo, muitas crianças nascem e pessoas morrem. Enfim, a vida continua, e isso não importa se você tem um problema ou não. Fato.

Li outro dia o post do Paulo Castilho, em seu blog Diário de um Videorrepórter, que relatou a entrada de um inseto na casa dele que não o deixou dormir. Na hora ele não conseguiu identificar se era um grilo ou gafanhoto e pôs-se a vasculhar no Google da vida o significada daquele bichinho estranho. Hoje algo parecido aconteceu comigo, mas não foi um inseto que veio me inspirar e sim uma ave. Não tão amada por todos, porém, para outros com um bom significado (ou não).

Estava eu dando banho em meu cachorro no quintal de casa quando de repente um pombo (ou pelo menos parecia com um) caiu literalmente do telhado. Isso mesmo. Não chegou voando, simplesmente foi empurrado (literalmente) por outros pombos do grupo que se agrupava em cima do meu telhado todo santo dia esperando eu colocar a ração do cachorro para eles roubarem. Levei um susto e joguei um pouco de água para espantá-lo, quando eu me espantei com o bicho quando ele se virou para mim.

Uma imagem assustadora. Um pombo que parecia mais um filhote de urubu com erupções saindo por toda sua cabeça careca. Um monstro miniatura com asas literalmente falando. Segurei o cachorro de lado para não avançar, afinal o bicho me parecia doente, e tentei assustá-lo com água para que voasse para longe, mas ele não levantou voo. Gritei por ajuda da minha mãe, pois o cachorro queria pegá-lo. Depois de várias tentativas com a ajuda de uma pá de lixo consegui expulsá-lo da minha casa para a rua e lá ele ficou com as asas abertas para o Sol observando minha casa. Simplesmente aterrorizante.

O pombo tem vários significados para os estudiosos e maior parte deles concordam em dizer que ele é símbolo da paz. Mas encontrar um bicho preto e cinza, sem penas por toda cabeça cheio de caroços cutâneos em erupção não é nada simbólico nem traz nenhuma paz. Tentei esquecer o bicho, que ficou lá na rua com as asas abertas. Horas depois fui olhar e estava lá: estatelado no chão morto. Fiquei triste.

Comecei a perceber que independente dos problemas que eu tenho existem milhares de outros seres por aí bem pior que eu. Muitos não tem o que comer, onde dormir, tem pessoas doentes na família e não tem como cuidar nem comprar medicamentos. E eu, apesar dos problemas, tenho um teto para dormir, comida na mesa e um suporte fraternos e familiar que daria inveja a muitas pessoas. Me senti pequeninha ao ver aquele pombo sendo expulso do grupo por estar doente e ser tratado como persona non grata só porque está com problemas.

Nessa hora imaginei e lembrei de quantas pessoas no mundo se afastas dos doentes crônicos e contagiosos, ou daqueles que simplesmente não entendem uma doença. E os filhos e netos que abandonam seus pais e avós só porque acham que por estarem velho serão um estorvo na vida agitada de hoje dele. Fiquei olhando para o pombo doente pulando em minha direção, depois morto no asfalto quente da rua e lembrei que, apesar de eu ter milhões de problemas, o mudo não para por minha causa, e meus problemas são minúsculo ao lado de tantos milhões de pessoas por aí.