sábado, setembro 10, 2011

Tenho pensado muito em Deus...


Muitos irão estranhar o título do meu post de hoje, já que sabem que não sou uma pessoa religiosa. Ou seja, não sigo nenhuma religião ou não pertenço a nenhum tipo de culto ou igreja. Mas isso não quer dizer que não seja crente em determinar coisas e assuntos, e que não tenha fé. É justamente sobre ela que tenho pensado ultimamente.

Nos últimos anos da minha vida, confesso, que não estive muito apegada a sentimentos religiosos em questão. Pelo contrário, muita coisa que aconteceu na minha vida me fez muitas vezes questionar a existência do 'tal' Deus que vivem tanto falando em meus ouvidos. Uns pregando o Deus do amor, outros pregando o Deus do temor, mas sempre dizendo que nossa vida pertence a ele  e que os planos e acontecimentos de nossa vida só ele pode tomar decisões. E eu ficava muito revoltada quando falavam isso, justamente por ver coisas erradas acontecendo à minha volta.

Acho que o problema de muitas pessoas não está na falta da crença em Deus, mas sim na falta de fé generalizada. Comecei a perceber isso comigo mesma. Vemos tantas coisas ruins acontecendo conosco, com conhecidos e no mundo que começamos a duvidar se realmente é possível acreditar num ser que dizem ser tão poderoso que pode tudo. Se pode tanto tudo mesmo, porque deixa pessoas sofrerem tanto afinal?

Cada religião ou credo, prega suas 'verdades' a fim de que toquem o íntimo de cada um. Os cristãos católicos e protestantes creem que só Deus salva, que tudo que fazemos de errado é pecado e terá uma consequência, mas que podemos nos arrepender e sermos absolvidos. Falam que se tivermos fé verdadeira e aceitar Jesus como nosso salvador chegaremos mais perto daquele que chamam de pai. Pregam a paz, solidariedade e igualdade, mas esquecem que no passado essas mesmas religiões foram responsáveis (e ainda hoje no presente algumas também) pelos maiores massacres do planeta. Afirmam que existe a vida eterna e que todos nos reuniremos no dia do juízo final, pregando o apocalipse como base do fim do mundo como conhecemos.

Janeiro de 2011 - Centro do RJ

Já os cristãos espiritualistas acreditam na reencarnação. Afirmam que todos os problemas, erros e sofrimentos que vivemos nessa vida atual é consequência de erros passados em outras vidas e que nós literalmente escolhemos previamente a qual família vamos pertencer. Tudo isso, segundo eles, para que possamos alcançar a evolução do espírito, chamado pelas outras religiões citadas de alma. Assim como os católicos e protestantes, também pregam a paz, solidariedade, mas não acreditam no chamado Deus do temor, e seguem o preceito de que tudo que fizemos é escolha feita por nós para que possamos aprender algo e evoluir como seres de luz.

Bem, essas são algumas das religiões existentes. As outras crenças tem sua base quase igualitária, porém com algumas modificações. Uns creem em Jesus como salvador, outras não e por aí vai. No fim todas seguem um mesmo conceito básico: fé naquilo que não se pode ver, tocar, sentir, cheirar, ouvir. E nessa linha de pensamento meus pensamentos andam se perdendo ao longo do caminho. Alguns já falaram pra mim que estou 'vivendo uma crise de fé', vivenciando a sequência natural do ser humano pela 'busca da espiritualidade'. Outras tentam me forçar a acreditar em suas crenças sem se importar se realmente quero ou não. E assim vou vivendo.

Os problemas e provações pelas quais passei, diante de tantos problemas do mundo não são nada. Se eu for parar para pensar, por exemplo, no que passaram as pessoas no famoso dia 11 de setembro nos EUA, o que vivi não é nada. Quando vejo cenas de mães abandonando filhos em latas de lixo, meu 'grande problema' se torna um grão de areia. Quando vejo pessoas, conhecidas ou não, lutando contra um câncer terminal, percebo o quão insignificante aquelas dores de cabeça que muitas vezes acabam com meu dia, não significam na verdade nada.

Lembrei nos últimos meses de minha avó, que mesmo na fase terminal da doença não perdeu sua fé em Deus. Conheci uma pessoa linda, que está lutando dia a dia para sorrir, pensamento nos filhos e amigos, muito mais do que em si mesma e que mesmo assim, ainda acredita que Deus fez a escolha certa por ela. No meio dessa confusão de sentimentos caiu no colo, digamos assim, dois filmes (que alguns classificariam como Gospel – não gosto de rotulações, amo cinema e pronto) que começaram a mexer com meus sentimentos e essa minha luta espiritual interna.

Ambos são baseados em dois meninos com câncer terminal, um cerebral e outro leucemia. Essas pequenas crianças, apesar de toda dor e sofrimentos que passam, não perderam um minuto sequer a fé no Deus que elas acreditam ser a base da vida deles. Os filmes foram baseados em fatos reais, ou sejam, em cima de acontecimentos que realmente existiram e me fizeram pensar. Esses meninos que teriam tudo para odiar Deus com todas as forças, pois sofrem todos os dias, sabem que irão viver pouco e deixar seus familiares tristes, não deixam de sorrir um só minuto e não cansam de repetir que estão aqui na Terra em missão especial. Os filmes se chamam 'Cartas para Deus' e "Johnny'.

11 de setembro de 2001

No meio tempo em que assisti os filmes (entre um mês e outro) conheci essa mulher guerreira que me fez lembrar da minha avó. Mas também fiquei com raiva quando vi que um antigo relacionamento meu será pai e eu que quero tanto ser mãe, não consigo realizar esse sonho. Fiquei me questionando o porquê as coisas tem sempre que ser difíceis, porque existem nas ruas crianças largadas implorando por amor, atenção e comida. Fiquei analisando porque ainda teimamos em fazer guerras, destruir famílias em 'nome da fé', do dinheiro ou do poder. Pensei em porque, se esse Deus é tão bom assim como falam, deixa todos nós machucarmos física, mental e emocionalmente aqueles que ele diz que temos que amar.

Nessas horas comecei a pensar nesse tal Deus que tanto falam. Que faz tanta coisa bonita nas palavras; que dizem que basta 'eu acreditar' que 'serei salva'; que muda o mundo, modifica as pessoas e concretiza sonhos; que Deus é esse que deixa crianças morrerem de fome, apanharem de seus pais sem terem feito nada, lutarem contra doenças cruéis... Se ele é tão bom, se faz tanta coisa boa, porque deixa tudo isso acontecer?

Questiono o tempo todo quando falam que tenho que acreditar que ele tem um plano pra mim. Que plano é esse que sempre dá errado? Aí dizem que estou sendo 'testada'. Testada? Quer dizer que conhecer pessoas que me fazem mal psicológica e emocionalmente é o que vai me fazer evoluir? Que eu andar pelas ruas e não poder ajudar as crianças que precisam, porque pra isso eu precisaria de dinheiro, e mal consigo suficiente para me manter, vai me fazer uma pessoa melhor? Que ver amigas próximas lutando contra o câncer e não poder fazer nada pra mudar esse quadro, porque simplesmente tenho que aceitar que 'chegou a hora delas' me fará elevar meu espírito?

Desculpem-me aqueles que forem religiosos e lerem minhas palavras de hoje e se sentirem ofendidos, mas se Deus é assim, cruel permitindo que as pessoas façam coisas horríveis todos os dias como vejo pelas ruas e leio nos jornais, não quero conhecê-lo...


3 comentários

Unknown disse...

Obrigada pela visita e pelo comentário Nina. volte sempre...

Unknown disse...

Oi, Ana!

Bem, eu acredito nesse Deus. Confio e amo, principalmente. E, assim como a Nina escreveu, compreendo exatamente o que você está dizendo.

Não é incomum nos revoltarmos com a situação atual, não diante de tanta injustiça social. Mas, sabe... Também aprendi que, pra nós, é muito fácil achar um culpado sempre. Apontar o dedo e dizer: "você é o responsável por isso". Quando, na maior parte das vezes, são nossas próprias escolhas que nos levam a determinados caminhos.

Deus realmente é poderoso para reverter toda a situação atual, eu não tenho dúvidas disso. Mas, acho que se Ele fizesse isso iria contra sua própria natureza amorosa. Uma essência que permite a cada um fazer escolhas. Pra nós é muito fácil olhar para os massacres e apontar Deus como o culpado e questionar porque Ele não impediu, porque não parou tudo aquilo... Bem, o mundo atual é fruto desta longa História da humanidade, na qual muitos não fizeram a escolha certa.

O mundo poderia ser um lugar melhor? Não tenho dúvidas disso, caso todos agissem cumprindo os dois mandamentos principais: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo.

Eu não gosto de falar de religião. Não acho que seja a resposta ou o caminho. Não. Eu sigo a Cristo e ao que Ele disse. Tento ser como Ele foi e, honestamente, acredito que, quando faço isso, torno o mundo um lugar melhor. Pelo menos, para quem está ao meu redor.

Não sei por quais problemas você passou ao longo da vida, mas sei que quando eu tenho consciência de que, não importa o que aconteça, alguém estará ao meu lado.. Bem, isso me dá forças para continuar. E isso não quer dizer que eu não me frustre, ou que eu não questione, ou que eu não concorde com muitas coisas. Não. Isso só quer dizer que, mesmo que eu erre (comigo, com os outros ou com Ele), eu terei a chance de consertar, de uma maneira ou de outra. E que, alguém sempre vai me amar.

Acho que falta amor, no mundo. E tudo acaba se resumindo a isso. Espero que você encontre as respostas que busca, apesar de saber que nem todas elas estarão disponíveis. Às vezes, a gente perde muito por não confiar. E fé é isso: é a certeza de que as coisas impossíveis podem se tornar reais.

Parabéns pela sinceridade. Beijos!

#mmb/yansen disse...

´Uma das mais belas lições que tenho aprendido com o sofrimento: Não julgar, definitivamente não julgar a quem quer que seja´ Chico Xavier.
Bem, Ana! Entendo o seu texto e gostaria de deixar meu recado. O fato de vc existir já prova a existência de Deus. Estamos num mundo de provações para evoluirmos espiritualmente e como pessoa.Vamos fazer a nossa parte. Bjo. em seu coração. Fique em paz.

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