Engraçado quando falando de high society, principalmente a carioca. Antigamente era claro e obvio fazer essa diferenciação, hoje em dia nem tanto. Anos atrás a nata carioca morava sempre na zona sul, especialmente nos bairros de Copacabana e Leblon, era fácil de saber quem era quem e porque eram alguma coisa.
Os anos se passaram e essa figura de alta sociedade mudou. Os ricos viraram pobres e vivem ainda de aparência (e nome), e os pobres aprenderam a ganhar dinheiro só que não conseguiam se estabelecer no meio dos antigos ricos. Então ficou a dúvida... Para onde eles iriam então? Se continuassem ricos e morando na zona norte, oeste pobre e baixada não conseguiriam ser considerados por ninguém, muito menos pela antiga nata da sociedade. Eis que assim invadiram literalmente a parte litorânea da zona oeste, mais conhecida como Zona Oeste Rica.
Como o famoso caso da empresária Vera Loyola, a emergente e dona de redes de padarias e motéis mais famosa do Rio, outros ex-moradores, principalmente da baixada fluminense, começaram a se dar bem na vida e iniciaram a sua migração para, ainda então matagal puro, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes. E os grande condomínios de prédios suntuosos e mansões gigantescas começaram a surgir na zona oeste separando esses dois bairros do restante do Rio de Janeiro pelo Morro do Mato Alto (em Guaratiba), Elevado da Av. Niemeyer (sentido zona sul) e futuramente Linha Amarela (Jacarepaguá e Zona Norte).
Ficando isoladamente ilhados entre os três principais caminhos que ligavam aos principais cantos da cidade os novos ricos começavam a se estabelecer em seu novo reino. Surgiram assim os grandes shoppings centers, hipermercados, centros médicos e todo tipo de mordomia para que seus moradores não precisassem sair dali para nada. Mas com tudo isso também veio a pobreza e os problemas estruturais...
A Barra da Tijuca hoje é praticamente uma cidade dentro da cidade do Rio de Janeiro, só falta o próprio prefeito. Ela se basta em praticamente tudo: bancos, médicos, shoppings, cinemas, teatros, estacionamentos, praia, serra, etc. Sair dali para que? Já o Recreio ficou um pouco afastado, virou literalmente o valão da Barra. Mas o que isso quer dizer?
O Recreio dos Bandeirantes acabou virando moradia temporária dos funcionários das grandes construtoras que moravam longe. Como o transporte público para Barra ainda hoje é precário e elitizado, os pobres peões de obra não tinham condições de ficar no ir e vir para casa todos os dias gastando muitas vezes mais de oito passagens por dia, quase sempre tirada do misero salário recebido, por esse motivo acabam acampando, literalmente, na parte descampada do Recreio.
Como o bairro/cidade Barra da Tijuca começou a ficar pequeno para a nova elite carioca, eles começaram a migrar Recreio a dentro. Só que esqueceram de um grande detalhe: muitos dos ex-peões de obras acabaram fixando moradia por lá em seus grandes barracos de madeira. E aí a confusão começou de vez.
Hoje o Recreio sofre com a falta de infraestrutura total. As ruas não têm asfaltamento e geralmente são cheias de crateras em plenas calçadas. A sinalização é precária e os semáforos raramente funcionam. Policiamento zero nesta área, enquanto na Barra da Tijuca tem de três a quatro PM por quarteirão.
O contraste entre o rico e o pobre salta aos olhos, uma coisa impossível de não se chocar e perceber. O número de pessoas de baixa renda e favelas aumenta a cada dia na região do Recreio dos Bandeirantes, por isso, não é interessante para os governantes resolver os problemas em questão citados, afinal, eles não fazem parte nem da antiga nem da nova nata elitizada da sociedade carioca. Então para que consertar as ruas deles?
Mas porque falo tudo isso? Simples... Essa semana fui fazer uma entrevista no shopping Barra World, que por ironia fica bem na divisa entre o Recreio e Barra, mas tem endereço fixado pela numeração na parte pobre da Zona Oeste Rica. Ao descer do ônibus me atolei, literalmente em uma poça gigante de lama que tinha em frente ao ponto de ônibus do hipermercado Mundial e fui para a entrevista.
Ao sair de lá levei mais de 50 minutos para conseguir atravessar a segunda faixa da Av. das Américas porque simplesmente o semáforo não funcionava. O bicho estava verde direto e nenhum dos veículos parava para os pedestres atravessarem. Detalhe a parte, era hora do almoço, e todas as crianças de uma comunidade dali estavam tentando ir para escola. O que era impossível, já que a escola ficava do outro lado da mesma avenida.
Depois de vários minutos consegui chegar do outro lado. Um dos ônibus passou direto depois que uma senhora fez sinal, isso quando ela já xingava estar ali há mais de uma hora em pé esperando. O ponto de ônibus fica literalmente dentro de uma poça gigante de lama e nós, reles mortais pobres, temos que brincar de corre-corre para fugir dos engraçadinhos riquinhos que tem o prazer de dar banho no povo que está esperando a condução para casa.
O que mais me deixou perplexa foi o contraste atrás do ponto. Um condomínio super luxuoso com carros importados e seus motoristas particulares aos volantes entrando e saindo, e logo ao lado uma pequena comunidade com barracos de madeira, galinhas, porcos e até um cabritinho correndo feliz pelo Recreio...
É... o Brasil é realmente o país dos contrastes... E o governo quer mais é que fique assim, afinal, esse ano é epoca de eleição e lá irão eles lá consertar uma poça de água aqui, fazer um semáforo funcionar ali, prometer construção de passarela (ou passagens subterrâneas – porque na Zona Oeste Rica passarela é coisa de pobre – bem todos eles andam de carro né... Mas esquecem de suas empregadas, jardineiros, motoristas, etc), distribuir cestas básicas, etc... E infezlimente o povo cai nisso, elege esses idiotas e quando eles entrar... Ah! Continua tudo na mesma... Fazer o que...
Obs: As três fotos [Ponto do ônibus, Poça de lama e Condomínio] foram tiradas por mim de celular.
Os anos se passaram e essa figura de alta sociedade mudou. Os ricos viraram pobres e vivem ainda de aparência (e nome), e os pobres aprenderam a ganhar dinheiro só que não conseguiam se estabelecer no meio dos antigos ricos. Então ficou a dúvida... Para onde eles iriam então? Se continuassem ricos e morando na zona norte, oeste pobre e baixada não conseguiriam ser considerados por ninguém, muito menos pela antiga nata da sociedade. Eis que assim invadiram literalmente a parte litorânea da zona oeste, mais conhecida como Zona Oeste Rica.
Como o famoso caso da empresária Vera Loyola, a emergente e dona de redes de padarias e motéis mais famosa do Rio, outros ex-moradores, principalmente da baixada fluminense, começaram a se dar bem na vida e iniciaram a sua migração para, ainda então matagal puro, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes. E os grande condomínios de prédios suntuosos e mansões gigantescas começaram a surgir na zona oeste separando esses dois bairros do restante do Rio de Janeiro pelo Morro do Mato Alto (em Guaratiba), Elevado da Av. Niemeyer (sentido zona sul) e futuramente Linha Amarela (Jacarepaguá e Zona Norte).
Ficando isoladamente ilhados entre os três principais caminhos que ligavam aos principais cantos da cidade os novos ricos começavam a se estabelecer em seu novo reino. Surgiram assim os grandes shoppings centers, hipermercados, centros médicos e todo tipo de mordomia para que seus moradores não precisassem sair dali para nada. Mas com tudo isso também veio a pobreza e os problemas estruturais...
A Barra da Tijuca hoje é praticamente uma cidade dentro da cidade do Rio de Janeiro, só falta o próprio prefeito. Ela se basta em praticamente tudo: bancos, médicos, shoppings, cinemas, teatros, estacionamentos, praia, serra, etc. Sair dali para que? Já o Recreio ficou um pouco afastado, virou literalmente o valão da Barra. Mas o que isso quer dizer?
O Recreio dos Bandeirantes acabou virando moradia temporária dos funcionários das grandes construtoras que moravam longe. Como o transporte público para Barra ainda hoje é precário e elitizado, os pobres peões de obra não tinham condições de ficar no ir e vir para casa todos os dias gastando muitas vezes mais de oito passagens por dia, quase sempre tirada do misero salário recebido, por esse motivo acabam acampando, literalmente, na parte descampada do Recreio.
Como o bairro/cidade Barra da Tijuca começou a ficar pequeno para a nova elite carioca, eles começaram a migrar Recreio a dentro. Só que esqueceram de um grande detalhe: muitos dos ex-peões de obras acabaram fixando moradia por lá em seus grandes barracos de madeira. E aí a confusão começou de vez.
Hoje o Recreio sofre com a falta de infraestrutura total. As ruas não têm asfaltamento e geralmente são cheias de crateras em plenas calçadas. A sinalização é precária e os semáforos raramente funcionam. Policiamento zero nesta área, enquanto na Barra da Tijuca tem de três a quatro PM por quarteirão.
O contraste entre o rico e o pobre salta aos olhos, uma coisa impossível de não se chocar e perceber. O número de pessoas de baixa renda e favelas aumenta a cada dia na região do Recreio dos Bandeirantes, por isso, não é interessante para os governantes resolver os problemas em questão citados, afinal, eles não fazem parte nem da antiga nem da nova nata elitizada da sociedade carioca. Então para que consertar as ruas deles?
Mas porque falo tudo isso? Simples... Essa semana fui fazer uma entrevista no shopping Barra World, que por ironia fica bem na divisa entre o Recreio e Barra, mas tem endereço fixado pela numeração na parte pobre da Zona Oeste Rica. Ao descer do ônibus me atolei, literalmente em uma poça gigante de lama que tinha em frente ao ponto de ônibus do hipermercado Mundial e fui para a entrevista.
Ao sair de lá levei mais de 50 minutos para conseguir atravessar a segunda faixa da Av. das Américas porque simplesmente o semáforo não funcionava. O bicho estava verde direto e nenhum dos veículos parava para os pedestres atravessarem. Detalhe a parte, era hora do almoço, e todas as crianças de uma comunidade dali estavam tentando ir para escola. O que era impossível, já que a escola ficava do outro lado da mesma avenida.
Depois de vários minutos consegui chegar do outro lado. Um dos ônibus passou direto depois que uma senhora fez sinal, isso quando ela já xingava estar ali há mais de uma hora em pé esperando. O ponto de ônibus fica literalmente dentro de uma poça gigante de lama e nós, reles mortais pobres, temos que brincar de corre-corre para fugir dos engraçadinhos riquinhos que tem o prazer de dar banho no povo que está esperando a condução para casa.
O que mais me deixou perplexa foi o contraste atrás do ponto. Um condomínio super luxuoso com carros importados e seus motoristas particulares aos volantes entrando e saindo, e logo ao lado uma pequena comunidade com barracos de madeira, galinhas, porcos e até um cabritinho correndo feliz pelo Recreio...
É... o Brasil é realmente o país dos contrastes... E o governo quer mais é que fique assim, afinal, esse ano é epoca de eleição e lá irão eles lá consertar uma poça de água aqui, fazer um semáforo funcionar ali, prometer construção de passarela (ou passagens subterrâneas – porque na Zona Oeste Rica passarela é coisa de pobre – bem todos eles andam de carro né... Mas esquecem de suas empregadas, jardineiros, motoristas, etc), distribuir cestas básicas, etc... E infezlimente o povo cai nisso, elege esses idiotas e quando eles entrar... Ah! Continua tudo na mesma... Fazer o que...
Cada povo tem o governo que merece. (Joseph-Marie de Maistre)
Obs: As três fotos [Ponto do ônibus, Poça de lama e Condomínio] foram tiradas por mim de celular.
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