Animais em perigo no Brasil ainda carecem de ajuda... E leis...

Eu sou uma viciada no canal Animal Planet, confesso. E por isso, sempre estou ligadas em vários programas da grade da emissora. E um dos que mais gosto é o "Distrito Animal", onde a ONG ASPCA (The American Society for the Prevention of Cruelty to Animals) ajuda de todas as formas os animais em perigo que sofrem de negligência por seus donos.

Aqui no Brasil não temos nem sombra de uma associação neste formato. Lá o grupo conta com grandes hospitais veterinários completamente gratuitos para atendimento de emergência e equipe de policias treinados para recolher os animais e averiguar as ocorrências.

A história da ASPCA é incrível. Ela teve sua fundação em 1840 na Inglaterra, onde foi chamada de Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA). Seu fundador, Henry Bergh, nascido em 1813, viajou para a Europa na vida adulta por lazer e acabou sendo nomeado diplomata na corte do Czar russo Alexander II. Cansado de ver os animais sofrendo maus tratos pelos humanos, ele decidiu tomar uma providência e na volta para a América acabou em Londres e fundou a RSPCA.

Quando retornou para os EUA, mais precisamente em New York, decidiu que também ia acabar com a crueldade humana contra os animais por lá e em fevereiro de 1866, após assistir uma tourada com a família, resolveu trazer a ideia criada em Londres para lá, e deu certo. Surgiu assim a ASPCA. Ele brigou com líderes governantes e muitos da população que eram a favor das touradas, mas conseguiu impor a necessidade de proteção aos animais que são totalmente indefesos.


Em um discurso realizado em Manhattan, Bergh foi aplaudido de pé por sua defesa animal e conseguiu emplacar a "Declaração dos Direitos dos Animais", isso em abril de 1866. A princípio a carta só dava proteção aos animais de New York, depois ele conseguiu unir forças e incorporou à declaração a Carta da Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade Animal. Meses depois ele conseguiu a aprovação nacional e então a ASPCA conseguiu o direito de representar e executar a lei.

No início os animais mais atendidos eram os cavalos, por serem mais utilizados nas épocas de guerra e no trabalho rural. Com o tempo o gado também virou foco de atenção e os esforços da Associação conseguiu o direito de proteger cães e gatos também. A ASPCA é a primeira, e mais importante, sociedade humana criada especialmente para cuidar dos animais contra os homens.

A crença de Bergh em que "todo animal tem direito à espécie e tratamento respeitoso nas mãos dos seres humanos e deve ser protegida nos termos da lei" emplacou, e hoje é um direito do animal ser respeitado e de seu dono de cuidar dele de acordo com os termos legais.


Com sede oficial em New York, ela mantém uma presença local muito forte. O programa se estendeu por todo país. A empresa é classificada como privada e se mantém com doados de todas as pessoas que respeitam e ajudam os animais. Sem fins lucrativos, ela se orgulha de ter mais de um milhão de membros inscritos e outros mais adeptos em todo o mundo.

A função principal da organização é conceder autoridade legal para policiais de investigar e efetuar prisões por crimes contra os animais através de abordagens não-violenta. Além de manter a corporação ativa, eles possuem veterinários, enfermeiros e equipe de apoio 24 horas por dia para dar suporte não só aos animais acometidos por crimes de violência humana, bem como ajudar os donos que não tem como cuidar dos seus amiguinhos de quatro patas.

Bergh Memorial Hospital Animal emprega uma equipe dedicada de veterinários e equipe de auxiliares de alta qualidade prontos para prestar cuidados médicos a qualquer hora do dia, seja por que motivo for. Além de possuir centros de adoção espalhados por todo país. Oferece também aconselhamento gratuito para donos de cães de como tratar e cuidar de seus amigos peludos.

A ASPCA tem uma força tal que nos acidentes naturais, como tornados e furacões, eles são a principal equipe a chegar no local para realizar o resgate dos animais muitas vezes esquecidos para trás pelos donos e até pelo corpo de bombeiros.


No Brasil não temos um esforço grande nesse âmbito. Isso não quer dizer que não existam pessoas que tentam de todas as formas ajudar os nossos amigos peludos. A SUIPA é um bom exemplo disso. Ela que foi fundada em 1943 por um grupo de pessoas de várias classes sociais amantes dos animais, teve inicialmente seu nome de "Sociedade União Infantil Protetora dos Animais", porque os protetores traziam seus filhos para ajudar a cuidar dos animais recolhidos nas ruas.

Hoje a SUIPA tem sua sede em Manguinhos, no Rio de Janeiro, na Av. Dom Hélder Câmara (antiga Av. Suburbana). O tempo foi passando e agora a sigla SUIPA significa "Sociedade União Internacional Protetora dos Animais". Grandes nomes de nossa história foram amantes da causa, como Carlos Drummond de Andrade, Nise da Silveira, Roberto Marinho, Paschoal Carlos Magno, Rachel de Queiroz.

A organização é também sem fins lucrativos e totalmente contra a eutanásia animal. Eles orientam os donos, ajudam cães e gatos perdidos pelas ruas. Ajudam pessoas que possuem um número grande de animais dentro de casa e não conseguem sozinhos. Realizam atendimento médico-veterinário de urgência, castrações e outros procedimentos mais.

Além de ajudar os donos e os animais abandonados, a SUIPA conta com a colaboração de autoridades policiais e judiciais para o cumprimento das leis. E também recebe animais que são retirados das rinhas espalhadas pela cidade carioca.


Além da SUIPA no Brasil inteiro existem grupos que também tomaram a iniciativa de ajudar os animais. Mas um grupo em nível nacional com leis fortes ainda não temos. Será que um dia teremos uma ASPCA da vida? Será que algum dia vamos conseguir tratar os animais com respeito que devem ter?

Fica a pergunta no ar... O que você faz ou já fez para ajudar um animal abandonado ou que precisava de cuidados médicos, mesmo que ele não fosse seu?