segunda-feira, junho 28, 2010

A geolocalização, a privacidade e a nossa identidade


Depois que li o post da Ana Maria Modesto sobre a nova moda do pessoal dizer onde está localizada via redes sociais me levou a pensar em um assunto que muitos acham polêmicos: a privacidade. Quando vejo alguém exigindo 'privacidade' na Internet acho um tanto incoerente e controverso, pois a partir do momento em que você está na rede é porque quer ser descoberto. Mas aí vem outra polêmica: até que ponto você deve se expor?

Um assunto para lá de criador de caso. Hoje quase todas as redes sociais já ativaram seus sistemas de localização via GPS. Você clica e mostra para todo mundo onde você está. Mas o que isso faz na vida comum de um cidadão? Como falei em meu comentário lá no blog da Aninha, quando é o caso das empresas e suas campanhas de marketing até vale a pena investir sobre nisso, mas quando o assunto é dizer para meio mundo que você nem sabe quem é onde você está a coisa muda de figura.


Devemos lembrar que em redes como orkut, facebook e LinkedIn, por exemplo, nós decidimos quem estará nos vendo e quem é, ou não, nosso amigo. Mas já no caso do twitter, na maior parte das vezes você abre para geral. Ou seja, pessoas do mundo inteiro te seguem, lêem o que você escreve e agora ainda podem saber onde você está. Aí é que mora o perigo. Quem são essas pessoas?

Cite no comentário que fiz sobre um caso que foi notícia nos EUA há uns anos atrás, sobre um estuprador em série que usava uma rede social de encontros com geolocalização via GPS para seguir suas vítimas. Fato esse que acabou sendo usado como inspiração para um dos episódios da série Law & Order SVU. E a TV não parou por aí. O tema também foi usado na série Criminal Minds, onde a hacker do FBI, Penélope, utilizava o sistema de geolocalização para descobrir onde estavam tanto os agentes quanto o bandido.

Até esse ponto de utilidade pública, tudo bem. Mas como no caso das vítimas de estupro, como é que você saberá se não está sendo seguida no twitter por algum pervertido que ficará na espreita só aguardando aparecer a sinalização de onde você está naquele momento? Até que ponto é válido nos abrirmos na rede?


Atualmente sabemos que não é bem aceito perfis com nicknames fantasiosos ou com imagens que não retratem quem você realmente é. As empresas estão de olho em você, seus clientes estão de olho em você. O fio tênue entre o real e o virtual se tornou algo mais que invisível, e mostrar sua cara faz parte do processo de viver online. Nicknames virou coisa dos anos 90. Fotos de artistas te tornam muitas vezes infantilizados e por aí vai. Isso não quer dizer que seja uma regra oficial a ser seguida, mas em pelo menos algum lugar da grande rede você deve ter seu rosto para mostrar que você é você. Complicado? Um pouco. Mas olhe pelo lado profissional, por exemplo.

Cada vez mais as empresas contratam as pessoas através de seus movimentos nas redes sociais. Ter fotos de nu, com bichinhos, artistas ou avatares não mostrará que você é um tanto maduro como profissional. Isso não quer dizer que você não possa usar tudo isso. Mas deixar pelo menos um local com seu rosto, hoje, para o mercado de trabalho é fundamental. Que dirá seu nome então. Essa coisa de dizer que você é a gatinha69sp está mais que fora de cogitação. Mas esse é outro problema.

A geolocalização ultrapassa todos esses parâmetros. Para uma empresa utilizar esse serviço é algo do tipo 'salva vidas'. Imagine poder divulgar em tempo real para milhares de pessoas uma ação de marketing que esteja ocorrendo em determinado lugar? Maravilhoso não é? E para serviços de extrema necessidade como incêndios, acidentes de carros, etc. Um serviço como esse facilita, e muito, o tempo do resgate, principalmente se durante a chamada telefônica a pessoa do outro lado da linha estiver impossibilitada de falar no momento.


Mas daí o simples cidadão sair divulgando 'estou na boate tal', 'estou sozinha presa no metrô', 'estou parado no engarrafamento', 'fulano me encontre em uma hora no lugar tal'... é outra coisa. Como falei, você não sabe quem te segue. Se é um tarado, um bandido, ou seja lá o que for. Hoje é cada dia maior o número de golpes online e via celular. Pessoas que caem diariamente em trotes de falsos sequestros, bilhete premiado, entre outros mais. Imagine essa inocência toda em uma ferramenta que diz onde você está? É a mesma coisa que dizer para o assaltante: 'por favor, entre, a porta está aberta. Leve o que quiser, eu deixo'. Um bom exemplo disso é o já criado 'Please!Rob Me'.

Esse sistema de rastreamento já é utilizado pelas operadoras de telefonia celular há alguns anos. Muitos não sabem, mas a partir do momento em que você liga para uma central eles sabem exatamente onde você está: que país, Estado, cidade, bairro e rua. Isso mesmo! Esses dados são importantes para o caso de sequestros, acidentes e outras coisas mais. Mas somente os órgãos competentes podem acessar essas informações. E aí me pergunto: em plena era da Web 2.0 onde a evolução dos hackers é cada vez maior, quem me garante que só as autoridades competentes sabem onde eu estou?

Nesse jogo de privacidade enrustida em que vivemos, na minha opinião, optar por se mostrar tão abertamente é sinal de burrice. Desculpem-me aqueles que usam e gostam disso. Mas eu ainda levarei muitos anos para aceitar esse tipo de coisa. Não vou dizer 'dessa água não beberei', mas dizer que hoje sou a favor dessa invasão de privacidade consentida deixando que todos na Internet saibam onde estou, com quem e fazendo o quê, é insultar a minha humilde inteligência. Pensem nisso...

Imagens retiradas do Google Imagens, caso reconheça a sua, por favor, entre em contato para os devidos créditos. 


2 comentários

Unknown disse...

Olá Ana

Achei este post muito pertinente, acho que nos traz boas reflexões.

Tenho essa noção de privacidade e tento sempre ser discreta, apesar de muitas vezes nem conseguir afinal de contas não somos perfeitos e nem sempre fazemos o que pregamos.

Já vi muita gente lá no Twitter descrever minuciosamente onde está inclusive com fotos, cheguei a pensar que fosse vício, mas pensando bem pode ser que a pessoa não tenha noção de perigo mesmo.

Acho que cada um deve avaliar o que lhe cabe, se quer ter um perfil com pretensões profissionais cabe outro tipo de postura, mas mesmo com perfil pessoal nem tudo é adequado.

Enfim, acho que muitas vezes quem tira a sua privacidade é você mesmo, a forma como você se expõe é o que determina a forma como você quer ser visto, tá aí a polêmica Geisy Arruda do vestido rosa um grande exemplo disso. Somos o que mostramos para os outros pouco ou muito, mas tem alguma verdade nesse espelho que revelamos para os outros.

Um Abraço

Mônica Alvarenga disse...

Tenho pensado muito nessa questão. Depois q vi o ep. 22 / 05 de Criminal Minds, fiquei refletindo sobre o pq de postarmos coisas tão pessoais. Aí comecei a observar pessoas que postam seus locais de trabalho e atividades (com endereços inclusive) diariamente. A serviço de que, quem se interessa? O fato é que se há os q postam tudo, há outros tantos que gostam de seguir... A decisão é nossa quanto ao que fazer na rede, mas se pararmos pra pensar em toda a loucura que move o mundo atual, há riscos que podem (e devem) ser evitados!
PS: Adorei o layout do blog...

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