sábado, abril 16, 2011

Obsessão materna: até que ponto uma mãe pode opinar na vida de um filho?


Já tem um tempinho que venho pensando nesse tema e depois dessa semana quando assisti ao filme "Obsessão Maternal" (Her Only Child) isso ficou mais evidente em meus pensamentos. Até que ponto uma mãe pode se intrometer na vida de um filho? Será que sempre que ela dá um conselho é para seu bem ou tentar esconder uma vontade própria por trás? Quando um filho deve dizer 'não' as comandos dos pais?

Essas perguntas começaram a saltar em meu pensamento. Esses acontecimentos ocorrem principalmente quando somos crianças e os pais, principalmente as mães, começam super proteger seus filhos. A tendência é que conforme eles vão crescendo esses laços de diferenças vão aumentando dando um pouco de liberdade para que a ninhada possa alçar voos sozinhos. Mas nem todas as mãe conseguem desfazer esse laço maternal.

Seja quando ela critica um namoro seu, ou reclama que você não arrumou alguma coisa dentro de casa, ou quando simplesmente todos os seus amigos parecem ser imperfeitos aos olhos dela. Não importa o motivo. Para essas mães super protetoras cuidar do filhos se torna uma tarefa completamente obsessiva e ela se nega que ele tenha crescido e que não necessita mais de seus cuidados e atenções. E a maioria delas fará qualquer coisa para que eles nunca saiam debaixo de suas asas, mesmo que para isso, elas tenham que fazê-los se sentirem inferiores e completamente dependente delas

Na infância as crianças não conseguem se desvencilhar desses acontecimentos, é justamente na adolescência, quando somos tachados de 'rebeldes', que impomos nossas vontades e começamos a demonstrar para nossas mães que podemos, e queremos, cuidar da nossa própria vida. Mas existem aquelas mães que não conseguem aceitar isso e continuam dando palpite na vida dos filhos mesmo depois de adultos.


Seja de forma excessivamente construtiva ou totalmente destrutiva, essas mães não sabem quando parar e cada vez que o filho tenta se soltar a tendência dela é apelar para o lado emocional realizando na maioria das vezes chantagens emocionais e simulações de ataques de pânicos. Dependendo do grau do problema de cada uma delas, algumas preferem ver os filhos mortos do que  a deixando para viver a própria vida. São raros esses casos, mas acontecem.

Os psicólogos afirmam que na fase adulta os filhos também tem uma parcela da culpa na obsessão de suas mães. A maior parte deles alimentar esse medo incontrolável ou se deixa levar pelas críticas constantes de suas genitoras. E haja terapia para entender que você tem que dar o grito de liberdade. Eu que o diga.

Minha mãe não chega a beirar a loucura mostrada no filme, porém, sim, eu sou uma mulher adulta que vive à sombra dos desejos, frustrações e críticas constantes da própria mãe. E acredite, é tão ruim para gente quanto é para elas essas convivência um tanto que irracional. Tudo é motivo de briga. Você nunca é perfeito, seus amigos são sempre errados, suas escolhas são sempre as piores do mundo e seus amores são sempre uns fracassados.

Conversando com um grupo de pessoas que passam ou passou pelo mesmo que eu percebi que muitas das escolhas erradas que fiz foram impulsionadas pelo comportamento obsessivo da minha mãe comigo. O medo de tentar o novo, escolher sempre os caras errados, achar que não mereço ser feliz, dar mais valor a coisas que não tem importância de verdade, entre outras coisas mais, foram escolhas feitas por mim, mas impulsionadas pelas frustrações que vivenciei ao longo da minha vida adulta em relação às críticas recebidas da minha mãe.

É complicado sair desse ciclo vicioso. Se por um lado você faz todas as vontades para não desagradá-la, por outro, você se frustra por deixar de fazer as coisas que desejava em nome dessa eterna ligação maternal com medo do que 'poderia ou não acontecer'. É difícil deixar de viver uma relação obsessiva-compulsiva de emoções, principalmente com nossos pais. Afinal, para qualquer um a aprovação deles é fundamental para que nos sintamos bem. Fazemos as coisas esperando que pelo menos eles sintam orgulho do que foi feito e quando isso não é o bastante ficamos frustrados e acabamos por sabotar nossos próprios sonhos.


Tem gente que passa a vida inteira nesse ciclo. Outros conseguem se livrar de forma radical logo no início da vida adulta. Já outros, como eu, precisam de ajudas de terceiros, como a terapia, para poder se autoconhecer e entender o que está errado e poder seguir em frente. Confesso que é um caminho longo, afinal não é da noite para o dia que você conseguirá mudar um comportamento que vem sendo igual há mais de 30 anos, mas tudo que é feito com calma e bem analisado previamente, tende a sair bem.

Estou aos poucos tomando as rédeas da minha vida. Já não aceito tão bem as críticas que me são deferidas e confronto quando acho que minha opinião é diferente. E agora quando ela simula que está passando mal ou que 'ela não sabe o que fez para merecer aquilo', não dou mais a atenção que dava antes. Acredite, está funcionando.

Mas paro e olho para trás e pergunto em que momento eu deixei que o centro da minha vida se tornasse a vida dela e não consigo achar a resposta. Hoje quando vejo uma mãe super protetora com os filhos entro em pânico só de olhar e falo mansamente para ela relaxar um pouco. Afinal, temos os filhos para o mundo e não para nós. Um dia todos iremos partir e eles, os filhos irão ficar para continuar o mesmo ciclo da evolução humana que vem rolando na Terra há milhares e milhares de anos.

E deixo a pergunta no ar... Até que ponto você permite que sua mãe se intrometa em sua vida particular? Já parou para pensar nisso? Olhe bem para sua vida e veja quando foi a última vez que ela elogiou algo que você fez, ou quando falou mal de sua esposa/marido, namorada/namorado ou amigos? Comece a observar esses detalhes e saiba que você também tem culpa em ser infeliz por conta da obsessão dela.


10 comentários

Unknown disse...

Oi

Esse é um dilema eterno que vivo com minha mãe, eu cresci, sou independente financeiramente e ela insiste em se meter na minha vida, quer interferir nas minhas decisões, quer mandar nos meus gostos, ex: "você vai comprar isso porque é mais barato", tenho procurado conversar e explicar a ela que não aceito mais que ela se meta desta forma, se meter na minha vida a ponto até de escolher por mim? Não aceito mais isso e quando falo com ela que o dinheiro é meu e faço dele o que quero ela se chateia comigo, acha que estou ficando metida demais, mas o que quero mostrar na realidade é uma coisa muito simples "deixa eu ser como quero ser, me apoie, me aconselhe, me incentive, me ensine, mas não decida por mim, não escolha por mim, não viva minha vida"

No passado escrevi um texto que tem tudo a ver com isso "aceitação e reciprocidade" (http://www.escritosideologicos.com/2008/08/aceitao-e-reciprocidade.html).

Com o passar do tempo percebi que jamais vou conseguir mudar minha mãe, mas ela conseguiu me mudar porque vendo que ela é imutável procuro aceitá-la do jeito que é, tento me adaptar e administrar os conflitos, nem sempre consigo, mas tento,agindo assim me aboreço muito menos do que tentando fazer com ela me aceite e me entenda.

Ótimo texto, me fez pensar sobre isso. Valeu!

@anakint

Unknown disse...

Oi Ana,
Entendo bem seu lado. Também vivo assim. Acho que por eu ainda morar com ela essa dependência emocional que ela tem comigo é mais evidente. Mesmo que eu não precise dela financeiramente ela sempre quer dar palpites em tudo: escolher meus amigos, decidir o que tenho ou não pra comprar, criticar ou se intrometer em meus namoros e por aí vai.

Por muitos anos deixei de viver minha vida para viver as frustrações dela, mas hoje isso anda me sufocando e estou começando a entender melhor e ver que também minha parcela de culpa por ela fazer o que faz. Afinal eu permiti que isso continuasse. Mas tudo é uma fase de aprendizado e estou aprendendo como superar cada obstáculo. Um dia chego lá...

Beijocas, obrigada pela visita, carinho e comentário

Harley Coqueiro disse...

É um tema bem delicado.

Não acredito que uma mãe se intrometa na vida de um filho, por intrometer. É a eterna galinha que vive protegendo os seus pintinhos debaixo das asas.

É chata esta intromissão. Concordo. Porém, isso tem jeito de ser administrado. Mas antes tendo uma mãe "se preocupando" com você durante toda a sua vida, do que algumas "mães" que nunca estiveram nem aí com os seus filhos...

Unknown disse...

É Harley, é bem complicado mesmo. Mas temos que lembrar que independente de ser mãe ou não, todo e qualquer relacionamento de excesso não é saudável para nenhum dos lados. Amar cegamente alguém é bem pior do que não ser amado, isso eu te garanto...

Beijocas

danilly disse...

socorro vivo esse dilema pois sou filha unica e ja sou mae!mas a minha mae nao aceita o meu relacionamento ela me criou pra ela.ela nunca aceitou que eu namorasse COM NINGUEM NUNCA ACEITOU Q EU TIVESSE AMIGOS.mas depois que eu casei ficou pior ela nao quer que eu continue casada.ela quer que eu more com ela.me ajudem por favor!!!!nao sei o que fazer

Lee disse...

adorei os comentários, tbm vivo isso, é doloroso e agoniante. faço terapia para de uma forma leve dar conta disso. não é fácil essa invasão em nome do amor....

Unknown disse...

Oi, meu caso é um tanto mais complicado, tenho 23 anos e ainda não sou independente financeiramente e meu maior problema com minha mãe são as criticas dela ao meu relacionamento, estou prestes a perder minha namorada por conta dela, pois minha namorada dá muito valor a família e para ela a aprovação da minha mãe é muito importante, já a confrontei de varias formas mas parece que não tem jeito, já tentei até sair de casa mas com meu salário mínimo ainda não dá pra me manter e me vi obrigado a voltar, estou realmente preocupado, desesperado eu diria, poderia me dá uma luz?

Unknown disse...

Oi, meu caso é um tanto mais complicado, tenho 23 anos e ainda não sou independente financeiramente e meu maior problema com minha mãe são as criticas dela ao meu relacionamento, estou prestes a perder minha namorada por conta dela, pois minha namorada dá muito valor a família e para ela a aprovação da minha mãe é muito importante, já a confrontei de varias formas mas parece que não tem jeito, já tentei até sair de casa mas com meu salário mínimo ainda não dá pra me manter e me vi obrigado a voltar, estou realmente preocupado, desesperado eu diria, poderia me dá uma luz?

Unknown disse...

Danilly, Lee e Leandro... Olha, falo por experiência própria: é difícil. E isso independe da idade. Estou com 37 anos e fiquei desempregada desde 2009 ficando totalmente dependente dela. Todo emprego que eu arrumava nesses anos ela criticava até me deixar mal e acabar saindo. Meus relacionamentos então, aff, nenhum homem é bom o bastante. Vive gritando que tenho "dedo podre" pra homens.

Hoje consegui um novo trabalho. Me reinventei! Mudei da profissão e mesmo ela não gostando que eu esteja me tornando menos dependente dela, não estou nem aí. Faço terapia semanalmente. Isso é muito importante para sabermos o que sentimos e como nos comportamos. Qto a relacionamentos dei um tempo. Estou solteira até estar melhor comigo mesma.

Gente procurem ajuda profissional. Terapia é muito bom. Lembrem-se que elas te deram à luz, mas vc foi feito para o mundo, não para elas. Não bata de frente, discutir não leva a lugar nenhum. Ao invés de bater boca, mostre na prática que vc está certo. Se ela não aceita seus parceiros, dane-se! Se vc gosta fique com eles! Quem vive com eles são vcs e não ela. Não deixa ela se intrometer. Se puder, evite confronto.

Façam isso, pois eu estou na fase das consequências físicas do mal que tudo isso me causou. Por conta dessa minha dependência emocional com ela hoje estou com vários problemas de saúde causados pela mente (psicossomáticos). Terapia ajuda e muito. Acreditem! Não enfrentem elas sozinhos quando estiverem fracos, fique forte primeiro e aí sim mostre que vcs tem o direito de errar e consertar seus erros sozinhos,sendo adultos responsáveis e não mais os "filhinhos" da mamãe.

Boa sorte pessoal!

Unknown disse...

Olá pessoal, tenho uma unica filha de 17 anos, insegura,tímida,ansiosa, depressiva,negativa,não sabe resolver nada sozinha e´completamente dependente, vive dizendo que quer parar de estudar, já esta só no quarto e as faltas estão sendo abonadas por atestado ela só vai e faz as provas.Esta fazendo tratamento psiquiátrico e psicológico. Ela e eu vamos ao psicologo e a Drª me mostrou desenhos em que ela apresenta ter 9 e as vezes 12 anos.Veja bem ela é uma pessoa normal, extremamente inteligente, perspicaz, saca as coisas no ar. O pai dela e eu sempre fomos super protetores achando que estávamos lhe fazendo bem. Meu marido nunca permitiu que ela andasse de ônibus, participasse de passeios escolares, dormisse em casa das amigas, ficasse ao shopping sozinha com os amigos até os 15 anos.Ela tem namorado ao qual o pai vive criticando.Adoro seu namorado e seus amigos. Eu sempre fiz tudo arrumo sua comida, corto o bife do seu prato e levo comida pra ela no quarto pra ela comer na frente do computador limpo seu quarto, ajudo nos trabalhos escolares, meu Deus quanta cagada,eu preciso de ajuda, quero ser diferente pra poder ajudar minha filha a sair dessa, estou me policiando pra ser diferente, deixar ela viver a vida dela e eu viver minha. Eu pensei que estivesse lhe fazendo bem, mas a estou prejudicando desde que ela nasceu. Gostaria que este artigo pudesse ser lido por varias mães para que não cometessem o mesmo erro que eu. Estou sofrendo muito e sei que minha filha também está, que Deus me perdoe por tudo que fiz e permita que minha filha se liberte de mim e que seja feliz.


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