Após o grande sucesso da personagem Clarinha, portadora da Síndrome de Down, da novela global Páginas da Vida (2007), os brasileiros pela primeira vez ouviram o slogan Ser diferente é normal. Apesar da novela ter contribuído para o aumento da aceitação social dos portadores dessa e de outras síndromes, o mundo empresarial já vinha modificando o pensamento por conta da lei federal 8.213, de 1991, que determina que todas as empresas destinem cargos a portadores de necessidades especiais (PNE), seguindo cotas que chegam até 5% das vagas, dependendo do número de funcionários.
A inclusão no mercado de trabalho dos PNE ainda é um desafio. A dificuldade de aceitação pelas pessoas dita como normais, é o maior obstáculo a ser vencido por eles. Mesmo com a lei, que não é nova, as empresas não tinham a preocupação de optar por esse tipo de contratação, alegando que o mercado de trabalho não estava pronto para receber pessoas especiais por conta das modificações estruturais que seriam obrigadas a realizar. Nos dois últimos anos, a fiscalização aumentou em relação ao cumprimento da lei, com isso, e com a divulgação constante nos meios de comunicação sobre a aceitação das diferenças, as empresas começaram a preparar os seus funcionários para lidar com os PNE.
A terapeuta ocupacional (TO) Juliana Silva, consultora em inclusão e treinamento corporativo da SORRI em São José dos Campos, relata que as empresas ainda não estão preparadas para lidar com os PNE. Ela como TO, tem a competência de avaliar a disfunção ocupacional do indivíduo, o contexto em que se insere, as limitações e capacidades, e somente após essa análise que se é capaz de dizer em qual área dentro de uma empresa o entrevistado se encaixa melhor, e quais as adaptações necessárias para que o mesmo realize sua função com eficiência, tais como: adaptações de rampas, barras, assento, bancadas, etc. "As empresas que precisam incluir o PNE no seu quadro de funcionários, estão bastante perdidas quanto a esta questão. Eles não sabem ao certo que tipo de deficiência eles possuem, quais seus limites e o que realmente tem condições de fazer", afirma a TO.
As empresas de Recursos Humanos por todo Brasil começaram a se adaptar buscando meios e pessoal especializado para realizar entrevistas e prepará-los. Terapeutas Ocupacionais e Psicólogos especializados no tratamento e inclusão social dos PNE começaram a obter novos cargos em empresas de contratação a fim de auxiliar na escolha dos mesmos para cada cargo disponível. Já existem algumas empresas com equipes especializadas em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e materiais disponíveis em braile para o processo de seleção.
A analista de RH da Ultragaz, Carolina Steiner, foca na implantação de projetos integrados de forma estruturada em todas as empresas para que essas possam realizar com eficiência a contratação e aproveitamento de futuros funcionários PNE ou não. "Penso que as empresas devem focar-se em implantar, verdadeiramente, um processo que contemple o recrutamento, a seleção, a contratação e o desenvolvimento de PNE. Para isso, imagino que deva haver um projeto que integre RH Total (recrutamento e seleção, treinamento, desenvolvimento e comunicação interna), Medicina do Trabalho, Segurança e Engenharia", teoriza a analista.
No Rio de Janeiro, por exemplo, existem vários projetos de inclusão no mercado de trabalho para os PNE. Um deles é o projeto Escola de Gente, onde uma das metas é promover condições para o surgimento de um novo tempo de comunicação, que acontece a partir do encontro irrestrito de todos os códigos de expressão humanos, como Libras, braile, álbuns seriados etc. Lá existem cursos para PNE se prepararem para o mercado de trabalho, e parcerias com empresas que utilizam os serviços desses profissionais. Em entrevista à Rádio MEC, a jornalista e presidente do projeto, Claudia Werneck, citou que não é colocando para dentro quem está de fora que o problema será resolvido, e sim reestruturando a sociedade como um todo. "Quando um 'incluído' escolhe onde colocar um 'excluído', estamos a quilômetros de distância da inclusão", disse a jornalista na entrevista à rádio.
Outro problema existente hoje é a recolocação no mercado de trabalho de pessoas que sofreram algum tipo de acidente e passaram a ser PNE. Como eles sempre levaram uma vida tida como "normal" realizando suas atividades do dia-a-dia com naturalidade e rapidez, têm que reaprender a desenvolver suas atividades profissionais de acordo com a situação atual.
Flávio Lúcio é um bom exemplo de superação. Ele trabalhava em uma empresa de energia elétrica em Londrina, e ao fazer a troca de transformadores de alta-tensão recebeu um choque de 13.800 volts sofrendo um grave acidente durante a realização de um trabalho rotineiro, que o levou a amputação de ambos os braços. Após o acidente ele conseguiu superar todas as expectativas, hoje, casado e pai de um menino, criou o site Amputados Vencedores e ministra palestras em todo Brasil falando sobre a importância da segurança no trabalho e participando de seminários da SIPAT espalhados por todo território nacional. "Assim que sofri o acidente encontrei uma dificuldade enorme para achar informações que pudessem me auxiliar nesse momento delicado. Foi a partir daí que tive a idéia de criar um site e dar palestras para que outras pessoas como eu pudessem ter acesso à informação", lembra Flávio emocionado.
1 Comentário
Oi Nega ..golda gostosa.
Que orgulho espiar seu blog, tão bom ver sonhos realizados, metas se cumprindo.
Tb sin to sua falta viu, ainda quero muito lhe conhecer e novas oportunidades surgirão.
Vou mudar seu end, e não vamos mais nos perder.
Beijo grande e que o melhor aconteça em 2009 pra vc.
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