terça-feira, janeiro 13, 2009

Ser diferente é mais que normal. É natural!

Após o grande sucesso da personagem Clarinha, portadora da Síndrome de Down, da novela global Páginas da Vida (2007), os brasileiros pela primeira vez ouviram o slogan Ser diferente é normal. Apesar da novela ter contribuído para o aumento da aceitação social dos portadores dessa e de outras síndromes, o mundo empresarial já vinha modificando o pensamento por conta da lei federal 8.213, de 1991, que determina que todas as empresas destinem cargos a portadores de necessidades especiais (PNE), seguindo cotas que chegam até 5% das vagas, dependendo do número de funcionários.

A inclusão no mercado de trabalho dos PNE ainda é um desafio. A dificuldade de aceitação pelas pessoas dita como normais, é o maior obstáculo a ser vencido por eles. Mesmo com a lei, que não é nova, as empresas não tinham a preocupação de optar por esse tipo de contratação, alegando que o mercado de trabalho não estava pronto para receber pessoas especiais por conta das modificações estruturais que seriam obrigadas a realizar. Nos dois últimos anos, a fiscalização aumentou em relação ao cumprimento da lei, com isso, e com a divulgação constante nos meios de comunicação sobre a aceitação das diferenças, as empresas começaram a preparar os seus funcionários para lidar com os PNE.

A terapeuta ocupacional (TO) Juliana Silva, consultora em inclusão e treinamento corporativo da SORRI em São José dos Campos, relata que as empresas ainda não estão preparadas para lidar com os PNE. Ela como TO, tem a competência de avaliar a disfunção ocupacional do indivíduo, o contexto em que se insere, as limitações e capacidades, e somente após essa análise que se é capaz de dizer em qual área dentro de uma empresa o entrevistado se encaixa melhor, e quais as adaptações necessárias para que o mesmo realize sua função com eficiência, tais como: adaptações de rampas, barras, assento, bancadas, etc. "As empresas que precisam incluir o PNE no seu quadro de funcionários, estão bastante perdidas quanto a esta questão. Eles não sabem ao certo que tipo de deficiência eles possuem, quais seus limites e o que realmente tem condições de fazer", afirma a TO.

As empresas de Recursos Humanos por todo Brasil começaram a se adaptar buscando meios e pessoal especializado para realizar entrevistas e prepará-los. Terapeutas Ocupacionais e Psicólogos especializados no tratamento e inclusão social dos PNE começaram a obter novos cargos em empresas de contratação a fim de auxiliar na escolha dos mesmos para cada cargo disponível. Já existem algumas empresas com equipes especializadas em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e materiais disponíveis em braile para o processo de seleção.

A analista de RH da Ultragaz, Carolina Steiner, foca na implantação de projetos integrados de forma estruturada em todas as empresas para que essas possam realizar com eficiência a contratação e aproveitamento de futuros funcionários PNE ou não. "Penso que as empresas devem focar-se em implantar, verdadeiramente, um processo que contemple o recrutamento, a seleção, a contratação e o desenvolvimento de PNE. Para isso, imagino que deva haver um projeto que integre RH Total (recrutamento e seleção, treinamento, desenvolvimento e comunicação interna), Medicina do Trabalho, Segurança e Engenharia", teoriza a analista.

No Rio de Janeiro, por exemplo, existem vários projetos de inclusão no mercado de trabalho para os PNE. Um deles é o projeto Escola de Gente, onde uma das metas é promover condições para o surgimento de um novo tempo de comunicação, que acontece a partir do encontro irrestrito de todos os códigos de expressão humanos, como Libras, braile, álbuns seriados etc. Lá existem cursos para PNE se prepararem para o mercado de trabalho, e parcerias com empresas que utilizam os serviços desses profissionais. Em entrevista à Rádio MEC, a jornalista e presidente do projeto, Claudia Werneck, citou que não é colocando para dentro quem está de fora que o problema será resolvido, e sim reestruturando a sociedade como um todo. "Quando um 'incluído' escolhe onde colocar um 'excluído', estamos a quilômetros de distância da inclusão", disse a jornalista na entrevista à rádio.

Outro problema existente hoje é a recolocação no mercado de trabalho de pessoas que sofreram algum tipo de acidente e passaram a ser PNE. Como eles sempre levaram uma vida tida como "normal" realizando suas atividades do dia-a-dia com naturalidade e rapidez, têm que reaprender a desenvolver suas atividades profissionais de acordo com a situação atual.

Flávio Lúcio é um bom exemplo de superação. Ele trabalhava em uma empresa de energia elétrica em Londrina, e ao fazer a troca de transformadores de alta-tensão recebeu um choque de 13.800 volts sofrendo um grave acidente durante a realização de um trabalho rotineiro, que o levou a amputação de ambos os braços. Após o acidente ele conseguiu superar todas as expectativas, hoje, casado e pai de um menino, criou o site Amputados Vencedores e ministra palestras em todo Brasil falando sobre a importância da segurança no trabalho e participando de seminários da SIPAT espalhados por todo território nacional. "Assim que sofri o acidente encontrei uma dificuldade enorme para achar informações que pudessem me auxiliar nesse momento delicado. Foi a partir daí que tive a idéia de criar um site e dar palestras para que outras pessoas como eu pudessem ter acesso à informação", lembra Flávio emocionado.

1 Comentário

Anônimo disse...

Oi Nega ..golda gostosa.
Que orgulho espiar seu blog, tão bom ver sonhos realizados, metas se cumprindo.
Tb sin to sua falta viu, ainda quero muito lhe conhecer e novas oportunidades surgirão.
Vou mudar seu end, e não vamos mais nos perder.
Beijo grande e que o melhor aconteça em 2009 pra vc.

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