sexta-feira, junho 04, 2010

'Promessas de fim de ano' no meio do ano... Será que dá certo?

Ilustração  Jorge Dutra

Todo mundo quando chega perto do Reveillon começa a fazer milhares de promessas que nunca cumprem. E isso também serve para a coitada da segunda-feira que sempre é a culpada por estragar os planos de início de dietas malucas. Mas chegando em plena metade do ano e com meu estômago me matando há meses resolvi radicalizar e tomar algumas medidas para mudar a vida.

Sou uma pessoa péssima para comer. Odeio feijão, detesto legumes e verduras. E carne vermelha deve passar a quilômetros de distância de mim. Adoro frango em todos os seus formatos: cozido, assado, frito... Ai... Frituras! Amo todas! Quanto mais gordurosa melhor. Não tenho paciência para comidas de dieta sem graça, sem gosto, sem sal. Essa coisa de franguinho grelhado não é para mim. Juro, até tentei. Depois de uma semana enjoei feio.

Mas meu estômago vem acabando comigo desde do ano passado. Nunca tive problemas estomacais, mas depois que engravidei (ano passado) e sofri com crises horrendas de azia, parece que meu estômago resolveu trocar de mal comigo de uma vez por todas. Tudo o que como parece que vai me matar. Assado, frito, cozido, grelhado. É comida ele rejeita.

UPAs cariocas sempre lotadas
Médicos com boa vontade,
mas poucas opções de trabalho




Resolvi radicalizar, afinal tudo o que como volta. Cheguei a passar três noites seguidas chamando a privada de 'amor da minha vida'. Me senti aqueles bêbados que chegam de ressaca e colocando a boca ali e não saem nunca mais. A UPA virou meu centro amigo da madrugada. Perdi quase 38 kg em apenas 3 meses sem fazer nenhuma dieta. Desconfiei que fosse crise de gastrite nervosa. Afinal estava desempregada, sem dinheiro, cheia de dívidas e extremamente nervosa desde que sofri um aborto espontâneo ano passado.

Sem emprego e sem dinheiro o negócio foi apelar para o atendimento público de saúde carioca que é uma verdadeira Merda, com M maiúsculo. Tive que parar de tomar meus remédios para o hiperinsulinismo porque entrava e saia, era dinheiro jogado fora. Tentei atendimento no IEDE (Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione) no Rio de Janeiro, que para minha surpresa não atendia pacientes com hipotiroidismo, mesmo sendo um hospital especializado em endocrinologia e diabetes. Falaram que não poderiam me inscrever para tratar do hiperinsulinismo (que é um tipo de diabetes) porque eu também tinha hipotiroidismo, e isso não estava sendo tratado no momento. Então estão tratando o que afinal?

Governador Sérgio Cabral na inauguração
da polêmica UPA da Penha no RJ

Recorri as UPAs da vida. Mas como as Unidades de Pronto Atendimento são para emergência os médicos de plantão injetavam na veia buscopan e me enviavam pra casa pedindo que eu procurasse um gastroenterologista para 'verificar' qual o real problema. Apelei e me inscrevi na Santa Casa da Misericórdia  do Rio de Janeiro para ter atendimento, mas justamente quando eu ia, eles entraram em greve porque ficaram mais de dois meses sem receber salário. Depois dessa guerra toda, consegui marcar para semana que vem na Santa Casa um atendimento com um ginecologista/obstetra que vai me atender para poder me encaminhar para o gastro. Que via crucis.

Nesse delonga de 'não consigo comer nada' continuo perdendo peso sem absorver nenhum nutriente. Nunca liguei por estar acima do peso, mas emagrecer desta forma não é legal, nem saudável. Cortei tudo da alimentação, tipo uma promessa de fim de ano. Só come duas colheres de arroz e quatro nuggets de frango assados no microondas. São as únicas coisas que não me fazem mal. Se tento comer outra coisa, passo mal.

Nesse vai e vem de confusões me pergunto onde vamos parar com nosso atendimento público gratuito de saúde nesse país. As pessoas precisarão estar morrendo para serem atendidas? Vejo os telejornais e assisto mães parindo nos corredores porque ninguém dá atenção para elas devidamente. Pacientes morrendo de ataque cardíaco que poderia ter sido evitado se marcasse as visitas periódicas no cardiologista.

Pensem bem nas
Eleições 2010
Quando será que os políticos brasileiros vão se tocar que medicina de emergência não substitui a ambulatorial? Prevenção é bem melhor que gastar milhões em cirurgias que poderiam ser evitadas que as pessoas pudessem ir a consultas médicas regularmente. Será que vai ser preciso eu chegar no hospital ensanguentada quase morrendo para eles arrumarem uma 'vaga' na agenda lotada deles para e me atender?

Em ano de eleição, esses políticos poderiam parar de fazer 'promessas de fim de ano' em plena metade dele, já que não cumprem elas em período nenhum da vida. Por essas e outras que odeio politicagem e não tenho vergonha de dizer que voto nulo com prazer desde os 18 anos!



3 comentários

Ana Beatriz Camargo disse...

Uou! Que história! Bom, só posso desejar melhoras e ficar aqui com pensamento positivo para dar tudo certo.

Beijão!

Unknown disse...

É Aninha... só espero que pelo menos o ginecologista não tente fazer uma endoscopia em mim haha... Já pensou?

Beijos!

Leila Franca disse...

Oi,

Tenta ir no hospital universitário do Fundão. Espero que consiga se sentir melhor.

bjs

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