domingo, maio 15, 2011

O Bullying, a violência e a hipocrisia


Já faz algum tempo que partes desse texto estão rascunhados escondidos no computador esperando o momento certo de sair. Quando eu tinha decidido publicar foi justamente na semana em que ocorreu o massacre na escola de Realengo, aqui perto de casa, então decidi colocá-lo novamente em standby, justamente para não causar mais polêmica. O tempo passou e o tema continuou me incomodando e quando algo me deixa assim preciso colocar para fora em forma de texto. Então vamos lá.

Hoje em dia quando abrimos as páginas dos jornais ou clicamos em algum portal só vemos notícias de violência para todo o canto, principalmente envolvendo jovens. A moda (isso mesmo, 'a moda') agora é tachar tudo como 'bullying'. Apareceram campanhas contra, a favor, dos neutros, enfim de todos os lados. A única coisa que posso dizer é sobre experiências pessoais, então é isso que irei fazer, dar minha visão sobre os fatos.

Dizer que você sofreu bullying e que por esse motivo você se tornará uma péssima pessoa, violenta e que descontará todas sua raiva da infância de maus tratos em outros quando começar a crescer, desculpe-me, mas é uma afirmação para lá de hipócrita. Se formos olhar hoje para os grandes nomes do mundo, como Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zuckerberg, entre milhares de outras mentes extraordinárias (sem dizer milionários, no mínimo), temos que notar que eles são quem são hoje justamente por conta dos problemas que sofreram quando menores.

Ah, você pode achar que estou falando besteira. Mas digo uma coisa, não estou não. Eu, como muitas outras pessoas obesas, sofremos a adolescência inteira e nem por isso, saímos matando todo mundo que nos chamou por nomes pejorativos por aí. Junte o excesso de peso à inteligência e o rótulo de 'nerd, geek, CDF', pronto, você provavelmente classificaria essa pessoa como uma bomba ambulante prestes a explodir. Errado. Cada pessoa é uma pessoa e temos que parar com essa mania de querer colocar todo mundo dentro do mesmo saco achando que todos tem os mesmos valores e pensamentos.

Enfrentar preconceitos é o preço que se paga por ser diferente.
Luiz Gasparetto

Se hoje eu sou a mulher que sou foi graças a todas piadas ridículas que escutei enquanto crescia. Apelidos constrangedores, agressões físicas e verbais que sofri pelos 'colegas' na escola me fizeram ser quem sou, muito mais forte. Quando somos excluídos, seja de qual forma for, a maior parte das pessoas desejam se mostrar melhor e superior àquelas que o maltrataram no passado e não sair espancando ou atirando em todos que virem pela frente.

Eu, como muitos colegas que viveram o mesmo na mesma época, hoje superamos nossos medos e problemas sozinhos, aprendendo a lutar por nós, correndo atrás, estudando, melhorando de vida e provando para aqueles que nos humilhavam que somos capazes de ser melhores que eles sem ter a necessidade de fazer as mesmas coisas ruins que eles fizeram. E me pergunto: e esses que nos humilharam no passado hoje são o quê? Se formos procurar saber com certeza serão pessoas infelizes e fracassadas, pode ter certeza. Por negatividade não leve ninguém a lugar nenhum.

Temos que parar com essa hipocrisia de que tudo que acontece de errado no mundo é culpa de algum ato preconceituoso que a pessoa sofreu no passado. As pessoas que realizam atos extremos como maus tratos, assassinatos etc, já são pessoas com problemas internos (e até mentais) que independente de qualquer ato de bullying que ela venha sofrer irá agir dessa forma.

Outro dia li que um casal de seus pais estavam processando o colégio onde estudei (e passei por tudo que passei) por sua filha 'sofreu bullying'. Lembro da minha época no colégio e uma coisa que nunca levei para casa (nem para meus pais) foram os problemas a se resolver. Se eu era maltratada de alguma forma resolvia por lá mesmo, seja no grito, no rebate ou até em famosas briguinhas de escola. Hoje as crianças estão sendo criadas como medo até da própria sombra. Não sabem se defender de nada e nem das coisas ruins que lhe acontecem porque estão correndo para o 'colinho' dos pais e deixando que os adultos resolvem os problemas para eles.

Viver é enfrentar um problema atrás do outro. O modo como você o encara é que faz a diferença.
Benjamin Franklin

Porque falo isso? Falo porque o que aprendemos durante o período da infância e da adolescência é o que o nos molda como adultos. Se somos vítimas de preconceito, agressões ou seja lá o que for e lutamos nós mesmos para nos defender e provar que somos melhores do que aquilo que disseram, aprendemos a ser mais fortes e lutar por aquilo que queremos ser no futuro.

Mas se tudo o que acontecer corrermos para nossos pais pedindo socorro para eles resolveram um problema que é nosso que tipo de adulto seremos? Medrosos? À sombra de tudo e todos? Pessoas com complexos que viverão no divã do analista com medo de enfrentar seus próprios medos ao invés de tentar conhecer a si mesmo e seguir em frente? Que tipo de crianças estamos criando? Que tipo de adulto teremos?

Claro que em tudo no mundo há exceção. Não vou dizer que a criança deve ficar calada em absolutamente tudo o que ocorre na escola, mas existem coisas que elas devem aprender a lidar sozinhas. Isso faz parte do crescimento. Precisamos aprender a combater nossos próprios fantasmas para que eles não venham nos assombrar no futuro. Ser forte e superior àqueles que nos fazem passar por humilhação não é correr para o colinho pedindo socorro, nem sair dando tiro para todos os lados, é se mostrar superior intelectualmente e provar na prática que você é melhor que tudo aquilo.


2 comentários

Vida disse...

Olá Ana!
Penso como voce. Não resisti e escrevi na epoca do massacre da escola.Nós temos bullyng, cartilha gay, censura a Monteiro Lobato.Tem algo muito errado.Precisamos soltar nossas vozes.
Forte Abraço

Tiozão das Batidas disse...

Orgulhosamente programei uma 'chamada' para este ótimo artigo no novo site dos Blogueiros do Brasil. O post será publicado dia 09/09 às 18:30 hs.

Abraços cordiais.

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